Corretor de resseguro perde mercado
Vanessa Correia
A participação dos corretores de resseguros conhecidos como brokers no processo de colocação de riscos excedentes do mercado brasileiro caiu cerca de 5 pontos percentuais (p.p.) em 2006 se comparado ao mesmo período do ano anterior. Porém, com a abertura do mercado de resseguros, aprovada no início deste ano, as projeções são positivas para o setor.
Se houver redução do nível de retenção das seguradoras, com relação ao que é praticado atualmente, o nível de colocação de riscos no exterior deverá aumentar. Além disso, se houver investimento em novas modalidades de cobertura ou aumento decorrentes do processo de crescimento da economia, também haverá um aumento na demanda de colocação de risco no exterior, afirma Sebastião Pena, gerente de Estratégia do IRB-Brasil Re.
Já Marcelo Homburguer, vice-presidente de Resseguro da Aon Group, afirma que nos riscos facultativos, ou seja, os que não são fechados automaticamente, o IRB-Brasil Re procura utilizar o corretor de resseguros quando o cliente indica um nome. Caso não haja essa indicação, o ressegurador brasileiro coloca o risco diretamente com as resseguradoras internacionais, destaca.
Ele afirma que há uma tendência do percentual de participação na colocação de riscos por brokers aumentar a medida em que os segurados indicarem corretoras de resseguro para intermediar a negociação. Com as quebra do monopólio do mercado de resseguros brasileiro, a tendência é que o corretor se envolva mais no processo de retrocessões facultativas. Devemos nos aproximar aos patamares estrangeiros, onde as corretoras participam com 70% e as resseguradoras com 30%. Mas 2007 ainda é uma incógnita, diz.
Dados do IRB apontam que a participação de brokers no processo de retrocessão em 2006 foi de 55,94% enquanto que a colocação de riscos diretamente com resseguradores internacionais foi de 44,06%. Já no mesmo período de 2005, as corretoras participaram com 60,75% e os resseguradores com 39,25%.
Atualmente, a AON ocupa a segunda colocação no ranking do IRB, com 13,26% de participação no processo de colocação de riscos no exterior. No acumulado de janeiro a dezembro de 2005, a corretora foi líder, com 10,41% de participação.
De acordo com Pena, o percentual de utilização de corretores caiu, principalmente, devido à renovação dos contratos de Engenharia e Responsabilidade Civil diretamente com os resseguradores. Além disso, também houve redução do nível de cessão em alguns riscos facultativos devido ao aumento da capacidade de retenção do IRB negociadas para os contratos automáticos, afirma.
Fábio Basilone, presidente da CooperGay do Brasil Resseguros, lembra que essa proporção sempre oscilou ao longo dos anos. Posso citar como exemplo a grande variação ocorrida em 2001 em favor dos brokers, devido aos aumentos ocorridos no mercado aeronáutico, tradicionalmente um mercado de corretores, em função do impacto com o atentado de 11 de setembro.
Pena, do IRB, acredita que, para os próximos meses, a tendência é de manutenção da política atualmente adotada: liberdade para o cliente escolher o melhor caminho para o processo de colocação. Quanto aos contratos, pretendemos manter os níveis de retenções negociadas até que o novo cenário de abertura do mercado esteja regulamentado.
Vantagens e desvantagens
O gerente de estratégia do IRB-Brasil Re explica que as vantagens ou desvantagens com relação à forma como os riscos são colocados no exterior dependem das características do risco que está sendo oferecido.
Para negócios com percentual elevado de participação do exterior, envolvendo um grande número de resseguradores, a participação de brokers facilita todo o processo de cotação, colocação e recuperação de um eventual sinistro com os diversos resseguradores envolvidos. Para negócios retrocedidos integralmente para uma ou até três resseguradores, a administração direta pode reduzir o custo de colocação do risco, diz Pena.
Fonte: DCI OnLine