Contas públicas pioram e superávit em 12 meses cai a 1,76% do PIB
As contas públicas pioraram em julho, segundo informou hoje o Banco Central (BC). O superávit primário consolidado foi o pior para o mês, na série apurada desde 2001, derrubando o acumulado em 12 meses para o equivalente a 1,76% do Produto Interno Bruto (PIB), também o menor índice da série.
É a primeira vez neste ano que a economia em 12 meses para o pagamento de juros cai abaixo dos 2 pontos percentuais do PIB. Em junho, equivalia a 2,04% do PIB.
É bom lembrar que, por causa da crise, o governo reduziu sua meta de superávit, de 3,8% para 2,5% do PIB, excluindo os resultados da Petrobras.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, reitera que a deterioração “não preocupa” o governo. “Evidentemente, trabalhamos com o cumprimento da meta”, comentou ele.
Lopes justifica, mais uma vez, que os dados fiscais “são coerentes com o nível de atividade mais baixo, e compatíveis com as desonerações tributárias promovidas pelo governo em ações anticrise”. E isso gerou queda de receita em todos os níveis governamentais, continuou.
Ele conta com a retomada da economia, “que já dá sinais evidentes de recuperação”, para uma melhoria dos resultados fiscais até o fim do ano.
Segundo Lopes, em julho o setor público teve superávit primário de R$ 3,18 bilhões, o pior da série para o mês. Além de a União registrar uma economia baixa, os governos regionais contribuíram bem menos que em outros meses. Eles fizeram R$ 797 milhões de superávit, o mais baixo desde julho de 2003, quando houve déficit de R$ 16 milhões.
Lopes explica que a antecipação de repasses feita pela União em junho contribuiu para o maior gasto de governadores e prefeitos. Outro fator foi a queda do IGP-DI, que acumula deflação de 1,69% no ano até julho. Em geral, Estados e municípios economizam apenas o equivalente ao pagamento de dívidas com a União, que estão com variação menor por serem corrigidas pelo IGP-DI.
No acumulado de janeiro a julho, o superávit primário também foi ruim, ficando em R$ 38,435 bilhões, ou 2,25% do PIB, ante R$ 92,77 bilhões, ou 5,63% do PIB, em período igual de 2008. Segundo Lopes, com essa queda de 58,5% sobre o ano anterior, o resultado foi o mais baixo desde igual intervalo de 2002 (R$ 35,55 bilhões).
Nos 12 meses até julho, a economia ficou em R$ 52,085 bilhões, a menor desde maio de 2003, fechada em R$ 50,299 bilhões.
Mas no mesmo intervalo, para compensar um pouco a economia menor, a conta de juros situou-se em R$ 150,933 bilhões, ou 5,11% do PIB, o patamar mais baixo da série.
O superávit menor, entretanto, foi insuficiente para cobrir a conta de juros, de modo que o resultado nominal deficitário das contas públicas aumentou. Saiu de 3,19% do PIB até junho para 3,35% do PIB anualizado até julho, o pior nível desde os 3,54% do PIB em dezembro de 2006.
Fonte: O Globo