Conserto de carros chega a levar 6 meses por falta de peças
O conserto de carros pelas seguradoras está levando até seis meses. Em agosto, 7% dos veículos que deram entrada no primeiro trimestre ainda estavam parados nas oficinas por falta de peças. E não são semicondutores ou componentes complexos, a maior parte dos itens em falta para a finalização do reparo são de funilaria (60%), itens como para-choques, faróis, porta e painel.
Componentes mecânicos como microchips hoje não passam de 25% do total da lista de faltas. Segundo levantamento feito pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), que reúne 72 empresas do segmento, dos 40.700 itens encomendados, entre janeiro e março, ainda faltavam 7.100 peças para serem entregues em agosto. As seguradoras já fizeram diversas notificações às montadoras sobre a necessidade de reposição das peças.
Mas a pressão, dizem, ainda não teve resultado. A demora no reparo, diz a Fenseg, causa prejuízos para o mercado como um todo e pode impactar o preço do seguro para o consumidor nas próximas renovações. Na média, o prazo de tempo que o cliente ficava com carro reserva a espera do conserto do seu veículo mais do que dobrou de 2019 para 2023: de 11 para 25 dias.
Os seguros de automóveis representam 25% das reclamações feitas este ano contra seguradoras no Consumidor.gov.br – portal de intermediação de conflitos de consumo do Ministério da Justiça. em 2019, antes da pandemia, eram 17%.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa Brasil), Antonio Fiola, que representa mais de cinco mil oficinas em todo país, o prazo de espera de peças passou de sete dias para não menos do que 15. – A falta de peças se intensificou no fim de 2021 e tinha relação direta com o desabastecimento nos distribuidores.
A indústria, no entanto, voltou a produção de peças para fabricação de automóveis 0km, deixando de lado o mercado de pós-vendas – diz o presidente da Comissão de Seguros de Automóvel da FenSeg, Marcelo Sebastião. Indústria nega problema de abastecimento O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), por sua vez, afirma que o segmento de reposição cresceu 20,5%, de janeiro a agosto, comparado ao mesmo período de 2022.
O Sindipeças ressalta que o percentual ‘indica que os fabricantes de autopeças têm abastecido a cadeia de distribuição e não representam gargalo sistêmico’.
O sindicato destaca que ‘as peças de funilaria, especificamente, são de propriedade das montadoras e só podem ser produzidas sob licença, por estar relacionadas ao design dos veículos. Há também peças para reparação de veículos importados, cuja produção não é feita no Brasil. Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ( Anfavea) diz não ter notícias de gargalo na produção. E afirma que a falta apontada pela Fenseg pode ser de alguma montadora específica, mas de uma maneira conjuntural, não há relatos de falta de peças.
Confira lista das principais peças que atrasam a conclusão dos reparos: Funilaria (60%), Mecânica/elétrica (25%), Vidros/iluminação (8%) e Segurança (6%).
Fonte: NULL