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Concentração atinge as seguradoras

A mega-fusão do Itaú com o Unibanco cria o maior banco abaixo do Equador, mas não altera a primeira posição do ranking das seguradoras brasileiras. Se de um lado a soma da Itaú Seguros com a Unibanco Seguros e Previdência cria uma empresa de proporções respeitáveis, de outro, a Bradesco Seguros continua na frente, como o maior grupo segurador nacional.
Ao longo dos últimos 15 anos o mercado segurador brasileiro vem passando por um processo de concentração acelerado. Primeiro pelos resultados de cada seguradora e, depois, pela aquisição de companhias de seguros por grupos nacionais e estrangeiros.
Faz mais de 10 anos que as 5 maiores seguradoras em operação no país detêm mais de 90% do lucro do setor, muito embora não tenham nada de parecido em termos de faturamento. Quer dizer, a rentabilidade das seguradoras está ligada não apenas ao seu faturamento, mas também ao tamanho do capital e das reservas. Ganhando mais, as grandes seguradoras podem reinvestir mais, sem a necessidade de chamadas de capital. Os ganhos com o negócio são suficientes para financiar o crescimento e garantir a adequação das reservas, com base nas novas regras de solvência.
Este cenário é perverso com as demais companhias de seguros que não podem crescer por falta de capital. Ao contrário do que acontece nas atividades industriais, no negócio de seguro quanto mais você cresce, mais capital você precisa, ou seja, num determinado momento, todo o lucro precisa ser reinvestido no negócio, sob o risco de não ter reservas técnicas para fazer frente aos riscos assumidos.
De outro lado, ao longo destes anos houve uma concentração decorrente de aquisições de companhias de seguros feitas em sua maioria por grupos estrangeiros interessados em operar no mercado segurador nacional e da compra de bancos por bancos maiores, o que acabou levando para as seguradoras ligadas a eles as companhias de seguros dos grupos adquiridos.
A soma das seguradoras do Itaú e do Unibanco cria com certeza a segunda companhia de seguros nacional, com um volume de prêmios de vários bilhões de reais e a liderança nos chamados ´´seguros de grandes riscos´´, os seguros diferenciados para grandes empresas. Mas, de verdade, não muda o que já acontecia, uma vez que as duas seguradoras estavam entre as 5 maiores do país e eram líderes nos seguros diferenciados.
O que muda é que, a partir de agora, a Bradesco Seguros tem uma congênere mais próxima em volume de prêmio, capital e reservas, e isso pode levar a uma concorrência mais acentuada. O resultado será um novo aumento da concentração do mercado, pela exigência de capital ou de especialização em ramos de seguros específicos para fazer frente a elas, e que a maioria das outras seguradoras não tem.
Finalmente, o mundo atravessa uma crise de grandes proporções que já atinge a economia brasileira de frente, o que pode ser comprovado através das oscilações da bolsa de valores e, principalmente, pelos cortes de investimentos já anunciados por alguns dos maiores grupos empresariais instalados no país. Quer dizer, o ano que vem será difícil para todos. E, em épocas de vacas magras, capacidade de retenção de riscos, capital e reservas significam muito, inclusive o ganho de participação no mercado, ou seja, haverá aumento da concentração dos prêmios nas mesmas companhias de seguros que já são as maiores do mercado.
Para os que ficam pessimistas com o quadro, vale lembrar que os países desenvolvidos já passaram por este momento e que os respectivos mercados seguradores são bastante semelhantes ao desenhado acima, com algumas poucas grandes companhias dominando a colocação das apólices de seguros de massa e concentrando a maior parte do lucro e outras, especializadas ou regionalizadas, oferecendo produtos mais sofisticados, altamente técnicos ou que necessitem de um tratamento diferenciado para ser economicamente viável, completando o setor. Nós vamos pelo mesmo caminho.

Fonte: O Estado de São Paulo

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