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Competição começa a chegar ao mercado de resseguro

Depois de nove meses de abertura aos investidores estrangeiros, o mercado de resseguro brasileiro finalmente começa a ganhar competitividade. Só nas últimas semanas, mais de dez resseguradoras foram autorizadas a operar no país. Na semana passada, em meio às comemorações do Natal, as americanas Ace Tempest e Everest Re e a alemã Kölnische Rückversicherungs anunciaram o início de operações no Brasil. Ao todo, 42 companhias já estão no país. Além delas, há mais 27 corretoras de resseguro já aprovadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
O resseguro é uma espécie de seguro do seguro, feito em apólices de grandes valores, como um navio, uma aeronave ou uma planta industrial, para diluir os riscos no mercado. O mercado brasileiro ficou fechado por 69 anos e, depois de mais de 15 anos de discussões, foi aberto a novos competidores no dia 17 de abril. Mas o mercado demorou a engatar.
O IRB Brasil Re, empresa do governo que tinha o monopólio do setor, ficou praticamente sozinho no setor, com participação de 92% dos prêmios. Eduardo Nakao, presidente do IRB, conta que a resseguradora, a maior da América Latina, esperava perder uma fatia maior dos prêmios para outros competidores após a abertura, na casa dos 20%. O IRB participou este ano de contratos que vão desde a cobertura dos shows da Madonna no país à construção de navios da Transpetro e de uma plataforma de petróleo para a Shell.
No mês de dezembro, as coisas começaram a mudar. Duas empresas estrangeiras, Mapfre Re e a XL Re, ganharam autorização para operar na categoria local, a mesma do IRB, que exige abertura de resseguradora no Brasil e que tem reserva de 60% dos prêmios. Com isso, são cinco resseguradoras locais (além das três, há a Munich Re e a JMalucelli Re). Para os próximos dias, é esperada a aprovação de uma nova resseguradora local, do grupo americano Ace. O grupo já recebeu autorização nos últimos dias para criar outras duas resseguradoras, uma admitida (opera por meio de escritório de representação) e outra eventual (com sede lá fora, mas com registro na Susep). “Estamos realizando esses investimentos porque a Ace tem grande confiança no desenvolvimento do mercado de seguros e de resseguros do Brasil”, afirma o presidente e CEO da companhia, Marcos Aurelio Couto.
A expectativa é que o mercado de resseguro brasileiro tenha movimentado em 2008 mais de R$ 1,6 bilhão, com expansão prevista na casa dos 20%. A estratégia de grandes grupos estrangeiros, como Ace, Munich, Mapfre e Liberty, de criar duas ou mais resseguradoras, tem como objetivo aumentar a capacidade de retenção de risco no Brasil. Com isso, conseguem participar de mais negócios. Estimativas prevêem que o mercado de resseguros local pode dobrar de tamanho. “Temos grande vantagem competitiva por operarmos com três braços de resseguro no grupo”, afirma Felipe Smith, diretor de riscos corporativos da seguradora Tokio Marine. O grupo japonês trouxe duas resseguradora para o Brasil, a Tokio Merine Global e a Tokio Merine & Nichido Fire, além de operar no sindicato formado pelo inglês Lloyds, também com operações no Brasil (e que acaba de criar uma página na internet em português).
A abertura do mercado brasileiro de resseguro pegou um momento difícil para as resseguradoras mundiais, o que, segundo especialistas, pode ter ajudado a brecar os investimentos por aqui e a esfriar o mercado. Em meio à maior crise financeira em décadas e com número maior que o previsto de catástrofes naturais, as resseguradoras ficaram mais seletivas e as taxas estão em alta no mercado internacional.
Gigantes como a Swiss Re, que tem com operações no Brasil, tiveram problemas com aplicações no mercado de derivativos de crédito e a XL Capital estaria à procura de um comprador, segundo as agências internacionais.
 As companhias de seguros perderam US$ 50,7 bilhões em 2008 com indenizações de catástrofes naturais e desastres praticados pelo homem, segundo relatório da Swiss Re. Foi o segundo pior ano para o setor depois das perdas recordes de 2005, marcado pelo furacão Katrina.
“O mercado de resseguros está mais seletivo, com taxas subindo”, afirma Edvaldo Cerqueira, diretor presidente da Áurea Seguradora de Crédito e Garantias, que costuma repassar 95% dos riscos para o mercado ressegurador.
Segundo Eduardo Takahashi, diretor executivo da corretora Marsh, as negociações com as resseguradoras estão sendo mais trabalhosas. Um contrato de resseguro que antes da crise tinha a participação de umas 15 companhias, no contexto atual precisa ter pelo menos o dobro de resseguradoras. Como estão mais cautelosas, elas aceitam menos risco.

Fonte: Seguros.com.br

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