Companhias ampliam pacote de segurança para executivos
Como forma de preservar seus executivos, grandes companhias decidiram aumentar os benefícios de segurança dados a eles. Além de carros blindados, um item mais difundido, vem crescendo o uso de escolta pessoal, ou guarda-costas. Embora seja um nicho ainda restrito, mais empresas de segurança estão oferecendo o serviço.
A demanda se intensificou de três anos para cá, conforme relatam as empresas de segurança privada. De 2002 a 2004, cresceu em 15% o número de empresas do setor autorizadas a prestar serviços de segurança pessoal em todo o país. Foi o maior aumento em comparação com os outros segmentos: transporte de valores, vigilância, escolta armada e cursos de formação. Os dados constam de um estudo feito pela Mezzo Planejamento para a Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist).
Na GP, empresa paulista de segurança, o número de homens contratados para escolta pessoal cresceu de 200 para 500 nos últimos três anos. José Jacobson Neto, presidente da companhia, conta que cerca de 95% dos contratantes do serviço são pessoas jurídicas que oferecem guarda-costas para seus executivos. A Prosegur, multinacional espanhola, criou uma gerência de escolta pessoal em 2005 quando a demanda cresceu. De janeiro a maio deste ano, 90 agentes foram contratados para atender funcionários de grandes empresas. No total, a Prosegur tem 200 homens nesse segmento.
Grande parte dos clientes são multinacionais e instituições financeiras, que se concentram em São Paulo e Rio de Janeiro. `Esses executivos, principalmente quando são estrangeiros, se assustam muito com a violência no Brasil`, diz João Palhuca, sócio da Evik, que atende executivos de 11 empresas. Segundo ele, a maior parte das companhias contrata escolta apenas para o presidente. Em outros casos, também têm direito ao benefício o vice-presidente e os diretores de finanças e marketing.
Segundo José Jacobson, que também preside o Sindicato das Empresas de Segurança Privada de São Paulo (Sesvesp), a procura por escolta pessoal cresceu em função do número de seqüestros relâmpagos e roubos. Os dados mais recentes da Secretaria Nacional de Segurança Pública mostram que o total de roubos no Brasil cresceu de 413,5 mil por 100 mil habitantes em 2001 para 484,1 mil por 100 mil habitantes em 2003. Estatísticas sobre seqüestro relâmpago, porém, não existem, já que o crime não existe no Código Penal. Parte das delegacias classifica a ocorrência como roubo.
`A preocupação com segurança também cresce em função do aumento da riqueza e da ostentação`, afirma Márcio Graf, presidente da Prosegur. Segundo ele, alguns executivos chegam a ter cinco postos de segurança, embora a média seja de dois. Um posto equivale ao serviço 24 horas de vigilância em determinado ponto – por exemplo, na casa do cliente ou no carro de escolta. Em muitos casos, a escolta é estendida à família do profissional. O preço do posto pode variar entre R$ 10 mil e R$ 16 mil por mês.
No entanto, para Luiz Wevre, sócio da Ray & Berndston, empresa especializada em recrutamento de executivos, o uso de escolta pessoal não cresceu de forma explosiva, como ocorreu com os carros blindados. `A iniciativa de dar esse benefício parte muito das matrizes, que nem sempre conhecem a realidade do executivo e tentam protegê-lo`, diz Wevre.
Há, porém, outros tipos de benefício em segurança. A Graber, segunda maior empresa de vigilância no país, criou em 2003 um pacote que dá ao beneficiário direito de obter atendimento em situações de emergência, assistir palestras sobre prevenção e solicitar análises de risco em sua casa. O pacote custa R$ 300 ao mês por funcionário, diz o gerente de marketing da Graber, Luciano Caruso. Sem revelar nomes de clientes, Caruso afirma que algumas empresas chegam a oferecer o pacote a mais de 500 pessoas, desde o alto escalão até os gerentes.
O Brasil tem 482 vigilantes privados para cada habitante, proporção semelhante à da Alemanha, maior mercado de segurança privada na Europa, que fatura 4 bilhões de euros ao ano. No Brasil, o mercado de segurança movimentou R$ 12 bilhões em 2005. Em 2002, faturava R$ 7 bilhões.
Fonte: Valor