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Combate à discriminação nas empresas: Mais do que boas práticas, uma questão de ética no DNA

*por Cristiane Martins da Silva, Diretora Executiva de Gestão de Riscos, Compliance e Atuarial da Sompo

Uma organização que adota práticas e valores responsáveis e inspira seus colaboradores a se engajarem nos mesmos posicionamentos, torna-se uma potencial propulsora de importantes mudanças em uma sociedade. Vamos tomar como exemplo a questão da discriminação no ambiente de trabalho. Treinamentos, capacitações, rodas de conversas e canais de denúncia são extremamente importantes para erradicar esse comportamento, mas proponho darmos um passo atrás na discussão.

Entendo que para eliminar qualquer tipo de discriminação em uma empresa, é necessário focar na estruturação de um robusto código de ética. É nesse conjunto de valores morais, princípios e normas que os profissionais de uma companhia vão encontrar orientações em relação a comportamentos, incluindo diretrizes claras sobre como tratar as pessoas com justiça, igualdade e respeito, longe de práticas que façam alusão a qualquer tipo de exclusão. No meu entender, sem ética não existe conformidade.

O código de ética é um instrumento fundamental para cada profissional entender o que pode, o que não pode, o que é aceitável e o que é inegociável. Se nesse documento a companhia reconhece que discriminação é algo intolerável, todos terão mais clareza sobre consequências de comportamentos impróprios, inoportunos e ilegais.

Com um código de ética robusto e integrado à cultura corporativa, a implementação de ações específicas voltadas à diversidade e inclusão acontecem de forma mais natural e efetiva. Outro fator a ser considerado é a confiabilidade das pessoas nesses mecanismos.

Canais de denúncia seguros e acessíveis são ferramentas essenciais nesse processo. As pessoas percebem a efetividade desse tipo de ferramenta quando estão confortáveis para relatar episódios de discriminação, sem medo de retaliação e com a certeza de que processos ágeis e imparciais de apuração trarão consequências claras aos responsáveis por condutas inadequadas.

Mas o fator principal desse processo é o suporte e comprometimento da alta liderança. Ao demonstrar por meio e ações consistentes, que práticas discriminatórias não serão toleradas em qualquer circunstância, os executivos da companhia transmitem confiança à equipe e demonstram para o mercado e a sociedade que a organização é genuinamente comprometida com a justiça e o respeito às diferenças.

Iniciativas como essas tendem a influenciar o comportamento dos membros do time e a contribuir para a formação de um ambiente inclusivo, diverso e respeitoso. Pouco a pouco, aqueles que não prezam pelo bem-estar coletivo e pelos direitos individuais, naturalmente, vão se afastar da empresa. Já aqueles que permanecerem ou se juntarem, poderão se tornar embaixadores naturais das boas práticas da companhia nos ambientes por onde passarem.

Muito do que definimos corporativamente acaba impactando a sociedade. Então o nosso empenho como líderes deve ser, antes de tudo, lutarmos para termos empresas éticas, com discursos alinhados à prática, com coerência na forma de falar e de agir, com interesse genuíno em multiplicar o respeito pelo outro.

Como disse a escritora norte-americana Edith Wharton: “Existem duas maneiras de espalhar a luz: ser a vela ou o espelho que reflete”. Está nas mãos de cada líder de negócio decidir o que ser. O importante é oferecer a sua contribuição para que o mundo se torne um lugar melhor para se viver.

Cristiane Martins da Silva

Diretora Executiva de Gestão de Riscos, Compliance e Atuarial da Sompo. Conta com mais de 20 anos de experiência em seguradoras nacionais e multinacionais, com uma carreira desenvolvida nos segmentos de Seguros, Previdência Complementar Aberta, Saúde, planos Odontológicos e Capitalização. Acumula expertise na gestão de equipes e projetos, bem como na administração de reservas locais (Susep e ANS) e internacionais (IFRS), precificação de produtos, gestão de capital, gestão de riscos, controles internos e compliance.

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