Com 7% de cobertura, Brasil é 4º no ranking
Apesar de figurar na quarta posição no ranking mundial, as operações de seguro rural no Brasil ainda estão aquém das necessidades da agricultura nacional. A avaliação é do secretário de Política Agrícola, Edilson Guimarães, que apresentou ontem um balanço das operações do seguro rural em 2008. Canadá, Estados Unidos e Espanha lideram a lista dos países que mais utilizam o seguro rural. Nestes países a área coberta pelo seguro rural chega a 75%, afirma.
Enquanto no Brasil, mesmo com a projeção de crescimento para este ano, a cobertura deve ficar em torno de 10% dos 47,4 milhões de hectares previstos para esta safra. Em 2008, a cobertura foi de 7%. Desde a implantação do programa de subvenção do governo federal, a área coberta pelo seguro rural passou de 68 mil hectares em 2005 para 4,763 milhões de hectares no ano passado.
O agricultor brasileiro ainda não tem a cultura de segurar a lavoura, mas o seguro é uma ferramenta importantíssima para a agricultura brasileira, afirma. Ele explica que o governo trabalha com a meta de estender o seguro rural para 75% a 80% da área total cultivada no Brasil.
O secretário reconhece que o ideal seria cobrir 100% da área, mas considera que aquele já seria um percentual expressivo. Para manter o ritmo de crescimento, o governo aposta na aprovação do projeto de lei que determina a criação do Fundo de Catástrofe. O projeto encaminhado ao Congresso no ano passado prevê que o fundo será constituído por recursos do governo, mercado e, se necessário, pela emissão de títulos que ficariam depositados em uma instituição financeira.
É um plano muito complexo, começamos a desenhá-lo há três anos, mas ele ainda pode ser modificado, observa Guimarães. Segundo ele, este instrumento dará mais segurança para as empresas atuarem nesta área de alto risco, por conta de eventos climáticos, catástrofes que podem ter impacto generalizado. A grosso modo, o fundo pode ser classificado como o seguro do resseguro, afirma.
A expansão do seguro rural é importante para pulverizar e equilibrar o risco operacional, explica Wady José Mourão Cury, responsável pelas operações de seguro privado da Companhia de Seguros da Aliança do Brasil, empresa que domina o mercado com 68% de participação. O programa cresceu e diversificou área reduzindo o risco para as empresas, afirma o executivo.
custo do prêmio. Cury observa que o custo do prêmio fica mais equilibrado na medida em que se trabalha com áreas de maior e menor risco. Se o seguro ficasse concentrado apenas no Paraná, o valor do prêmio teria que ser triplicado, por conta dos riscos de estiagem. Temos que olhar o País todo, afirma. Ele explica que o índice de sinistralidade no Paraná, por exemplo, é de 160%, ou seja, para cada R$ 100 que a empresa recebe, são gastos R$ 160 com o pagamento de sinistros. No Brasil, esse índice está em torno de 55%.
O levantamento apresentado ontem mostra que os agricultores paranaenses foram os que mais recorreram ao seguro rural, com 21.834 operações, quase 38% do total, seguido por Rio Grande do Sul (10.481 contratos) e São Paulo (8.275 contratos). Há dois ou três anos, o Paraná chegava a corresponder por mais de 60% das operações. A soja e o milho juntos respondem por mais da metade dos contratos de apólice fechados no ano passado, com 28,5 mil e 9,8 mil operações, respectivamente.
Fonte: Jornal do Commercio