Clima econômico melhora na A. Latina, mas piora no Brasil, diz FGV
O Indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE-AL), divulgado nesta quarta-feira pela Fundação Getulio Vargas, mostrou piora na avaliação da situação da atividade no Brasil no trimestre encerrado em janeiro, na contramão da região, onde o índice médio subiu.
Percepções menos otimistas sobre consumo, investimentos e exportações influenciaram a queda da leitura brasileira do índice.
Elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV e tendo como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES), o índice referente ao Brasil recuou de 6,1 para 5,9 pontos. A leitura, contudo, ainda revela que os analistas consultados seguem confiantes, pois está acima dos cinco pontos. Na América Latina, o indicador passou de 5,2 para 5,5 pontos.
No Brasil, ambos os subindicadores do ICE recuaram. O Índice de Situação Atual (ISA) cedeu de 4,9 para 4,6 pontos e o Índice de Expectativas recuou de 7,3 para 7,2 pontos.
A piora na avaliação da situação atual esteve associada ao consumo, enquanto nas expectativas esteve associada à ligeira piora na avaliação dos investimentos, informa a FGV.
Otimismo latino
Na América Latina, o indicador superou a média dos últimos dez anos em 0,2 ponto. O avanço foi influenciado pelo resultado pelo Índice de Expectativas, que passou de 5,3 para 6 pontos, enquanto o Indicador da Situação Atual registrou uma pequena piora (de 5,1 para 4,9 pontos) e passou para a zona desfavorável.
No mundo, após dois trimestres seguidos de piora na avaliação do clima econômico, o ICE registrou avanço, passando para uma zona favorável. Os dois indicadores Ifo que compõem o clima econômico tiveram acentuada melhora: o da situação atual passou de 4,1 para 5 pontos e o das expectativas de 5 para 6,3 pontos.
A melhora foi puxada pela Ásia, em especial pela China, onde o ICE passou de 4,7 para 6,1 pontos, influenciado pela melhora nas expectativas. Segundo a última projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), o país deverá crescer 8,2%, em 2013, o que afasta o temor de uma desaceleração em direção à taxa de 7%.
Além disso, melhoras no clima econômico foram também observadas nos Estados Unidos e na União Europeia. Nota-se, porém, que, nesta última região, o clima se mantém na zona de avaliação desfavorável.
Latino-americanos
Os resultados dos 11 países destacados para análise da Sondagem Econômica da América Latina mostram melhora no Indicador Ifo/FGV de Clima econômico em cinco países: Chile (+0,8 ponto), México (+0,8 ponto), Uruguai (+1,1 ponto), Peru (+1,3 ponto) e Paraguai (+1,6 ponto).
Em todos eles o ICE está na zona de avaliação favorável. No Paraguai, o IE manteve-se constante (7,9 pontos), mas o ISA passou de 3 para 6,1 pontos. No Peru, tanto a avaliação da situação atual como as expectativas melhoraram e o país passou da fase de declínio para a de boom. Comportamento idêntico ocorreu no Uruguai.
Em todos esses países, as exportações de commodities têm importante contribuição para o crescimento do produto (acima de 20%), logo, a perspectiva de aumento no comércio mundial para 2013 acompanhada do aumento do produto chinês contribuem para a melhora no clima de negócios.
Bolívia, Brasil, Equador e Venezuela tiveram queda nos seus indicadores de clima econômico, mas Bolívia e Brasil permanecem com avaliações favoráveis. Na Bolívia, as expectativas não se alteraram, mas piorou a avaliação da situação atual.
Argentina registrou melhora no ICE, liderada pelas expectativas, mas a avaliação da situação atual continua ruim (3,9 pontos). Na Colômbia, a melhora do ICE foi acompanhada de uma piora na avaliação atual (na zona favorável) e melhora nas expectativas (+0,8 pontos), mas permanecendo na zona desfavorável.
Para a pesquisa de janeiro foram consultados 138 especialistas de 18 países.
Fonte: Valor