Carros conectados à internet podem elevar o risco de acidentes
Enquanto os veículos com acesso à internet se tornam mais populares, especialistas em segurança do trânsito questionam os riscos que os sistemas embarcados nesses veículos podem representar.
Nos últimos cinco anos, o segmento de carros conectados cresceu no mundo a uma taxa anual média de 45%, segundo um estudo publicado em fevereiro pela Business Insider Intelligence. A tendência deve se manter, diz o levantamento, segundo o qual 75% dos veículos fabricados no planeta serão equipados com acesso à internet até 2020. Hoje, eles já representam 10% da produção.
Os riscos de se falar ao celular na direção são conhecidos: segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), essa ação pode aumentar em até quatro vezes a chance de o motorista se envolver em um acidente de trânsito.
O que acontece, então, quando, além de falar, o piloto pode postar no Facebook, ver mapas on-line e responder mensagens do Whatsapp, entre outras tarefas?
Com essa chamada operação cega, o motorista mantém ambas as mãos na direção e tem mensagens de texto convertidas em voz, diz.O grande vilão nesse caso é a tela por toque, exigindo que o motorista olhe para ela para interagir. A solução encontrada pelas montadoras são sistemas que permitam controlar funções do carro por meio de botões de ação no volante e comandos de voz, afirma o engenheiro Ricardo Takahira, especialista em conectividade da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva.
A questão, porém, não é só tirar os olhos da estrada e as mãos do volante, mas a atenção da direção, argumenta o médico Dirceu Alves Júnior, chefe do departamento de tráfego ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Trânsito).
Para dirigir um veículo, o motorista usa três habilidades: função cognitiva (atenção), função motora (tempo de reação, reflexo) e função sensório-perceptiva (tato, visão e audição), explica.
Os sistemas por voz continuam comprometendo duas dessas funções, a atenção e a reação, diz Alves Júnior. Para ele, a única solução é abolir os eletrônicos do carro.
Fonte: Folha de São Paulo