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Captação Externa Soma US$ 40 bi

As grandes companhias brasileiras que acessam de forma recorrente o mercado internacional para se financiar, como Vale, Petrobras e Banco do Brasil, já atingiram seus objetivos orçamentários para o ano. Isso não significa, no entanto, que os bancos de investimentos deem o ano por encerrado.
Segundo executivos ouvidos pelo Valor, ainda são esperadas captações que somam algo entre US$ 5 bilhões e US$ 7 bilhões até o encerramento de 2012. Mas o volume de bônus corporativos emitidos já soma US$ 40,384 bilhões, até ontem, patamar recorde para o mercado empresarial brasileiro.
Nos próximos dois meses, os executivos acreditam que o mercado se tornará mais favorável para captações de empresas estreantes, ou mesmo para a antecipação de funding para investimentos programados para o próximo ano, já que as taxas se mantêm nos mínimos históricos.
Um exemplo de novata é a Caixa Econômica Federal, que visita investidores nesta semana para fazer sua primeira colocação externa, para captar algo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, com papéis de dez anos – em um programa que pode atingir US$ 5 bilhões. A Samarco Mineração também prepara um lançamento de títulos de dez anos para os próximos dias.
Já a Construtora Norberto Odebrecht acessou ontem investidores internacionais para captar mais US$ 450 milhões com papéis de 30 anos, em um reabertura. Foi um claro exemplo do que os especialistas chamam de uma operação de oportunidade, para se aproveitar de uma condição favorável de mercado, conseguindo taxa abaixo de 6%.
Ainda estamos com um pipe-line bastante robusto, diz Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente de atacado do Banco do Brasil. O banco que já incomoda os privados em diversos setores se tornou agressivo também nesse nicho e assumiu recentemente a segunda posição do ranking da Anbima, atrás apenas do J.P. Morgan e desbancando líderes tradicionais desse segmento como HSBC e Santander além, é claro, dos brasileiros Itaú e Bradesco.
As captações de recursos realizadas pelas empresas brasileiras no exterior neste ano já superaram todo o volume do ano passado (US$ 37,206 bilhões).
O avanço se deu em meio à piora das condições internacionais ao longo do primeiro semestre, quando o quadro da crise da dívida soberana se agravou na Europa. O desempenho mostra, portanto, que o apetite por papéis brasileiros não foi tão afetado pelo aumento da aversão ao risco global.
A demanda pelos papéis é um bom termômetro. Das operações realizadas neste mês, o Banco do Brasil e a OAS tiveram procura da ordem de cinco vezes superior à oferta, enquanto a BR Malls atraiu mais de US$ 1 bilhão para uma emissão de US$ 175 milhões.
Vale ponderar que os bônus ganharam força neste ano ao tomarem o lugar dos empréstimos sindicalizados, que até 2011 representavam quase metade dos recursos externos (US$ 28,6 bilhões).
Essa alternativa praticamente secou em 2012 (US$ 2 bilhão) devido aos problemas dos bancos europeus – os mais ativos nesse segmento – e também pela taxação imposta pelo governo para linhas inferiores a cinco anos (depois reduzida para dois anos). Os pré-pagamentos de exportação, que também serviam a empresas atuantes no comércio internacional, também foram limitados pelo Banco Central a um ano de prazo.
Para André Silva, chefe de mercado de dívida do Deutsche Bank em Nova York, as empresas que ainda planejam emitir bônus neste ano devem esperar o fim do período de divulgação de balanços nas próximas duas semanas – chamado de blackout.
Veremos, até o fim do ano, mais empresas boas acessando o mercado, acrescenta. Uma vez que estejam liberadas de obrigações de divulgação de resultados, acredito que haverá nova onda de emissões, justamente para tirar proveito das condições favoráveis.
O momento de fato é positivo. Além dos juros nos Estados Unidos estarem próximos das mínimas históricas, os principais bancos centrais do mundo estão em meio a programas de afrouxamento monetário para estimular suas economias ainda vacilantes, injetando recursos diretamente nos mercados monetários.
O Federal Reserve, banco central americano, lançou recentemente a terceira etapa do quantitative easing (QE3), prometendo a recompra de papéis do mercado imobiliário, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão também estão bastante atuantes para prover liquidez.
Para o Brasil, no entanto, o fluxo de moeda estrangeira tem se mostrado modesto. Desde agosto, o país registra saídas líquidas de capital que somam R$ 2,7 bilhões. Apenas em outubro, até o dia 11, as saídas superam as entradas em US$ 1,3 bilhão.
Parte desse movimento na contramão se deve aos controles cambiais impostos pelo governo brasileiro à entrada de capital, além da forte atuação recente do Banco Central para manter a cotação do dólar ao redor de R$ 2 como forma de favorecer a balanço comercial brasileira.
Até por isso, os investidores que pretendem alocar seus recursos em ativos brasileiros de renda fixa preferem aplicar em títulos lançados diretamente no exterior neste momento.
Mas o apetite dos investidores em meio ao excesso de liquidez não está restrito ao Brasil. No mesmo dia em que a OAS emitiu US$ 500 milhões com bônus para 2019, a Pemex, gigante mexicana do setor petroleiro, emitiu US$ 1 bilhão em dívida com vencimento em 2044 e a Eslovênia colocou US$ 2,25 bilhões em títulos soberanos de dez anos.
Ainda assim, o Brasil é o país emergente que mais fez emissões até agora no ano, com 11,6% de todas as colocações de dívida no mundo, de acordo com dados da Dealogic, empresa que compila dados financeiros mundiais. Na sequência vem Rússia (9,6%), Coreia do Sul (8,3%), China (7,3%) e Hong Kong (6,6%). As emissões de dívida corporativa atingiram US$ 1,68 trilhão globalmente, volume 12% maior que o total emitido durante todo o ano de 2011.

Fonte: Valor

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