Captação da poupança sinaliza economia melhor
A recuperação dos depósitos em Caderneta de Poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) constatada entre junho e julho foi de R$ 1,1 bilhão, superou R$ 6 bilhões no trimestre maio/julho e permite supor que a captação líquida de 2017, que ainda foi negativa em R$ 7 bilhões entre janeiro e julho, voltará ao campo positivo até dezembro. Além do efeito positivo da captação de depósitos de Poupança para o financiamento imobiliário, o aumento dos recursos em caderneta é sinal de que uma parcela das famílias volta a ter sobra de renda, além do que se possa atribuir à liberação das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A comparação entre o que ocorreu com as cadernetas nos sete primeiros meses de 2016 e de 2017 mostra que a tendência de baixa parece ficar para trás. No SBPE, que não inclui a caderneta rural do Banco do Brasil, os saques líquidos entre janeiro e julho de 2016 haviam sido de RS 35,6 bilhões, valor sete vezes superior ao dos saques líquidos de igual período deste ano.
Em 2015, os saques líquidos nas cadernetas do SBPE foram de R$ 50 bilhões; em todo o ano de 2016, de R$ 31 bilhões.
A remuneração de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) mal bastaram para preservar o saldo nominal total da Poupança, que foi de R$ 516 bilhões no ano passado. Em 2017, esse saldo já ultrapassou, em julho, os R$ 529 bilhões, o que significa mais recursos para financiar a moradia.
Há explicações para isso. Em agosto, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), 17% dos entrevistados declararam ter alguma sobra de recursos no final do mês e 11% manifestaram disposição de elevar as reservas financeiras. E possível inferir que nestes 11% estão os que aportaram recursos às cadernetas, mas também a outras modalidades, como os fundos de renda fixa, que receberam muito mais recursos do que as cadernetas.
Nos próximos meses, é previsível a alteração das regras de remuneração da Poupança – que ocorre quando a taxa Selic é inferior a 8,5% ao ano (hoje, é de 9,25% ao ano). Se a Selic cair abaixo de 8,5%, a renda das cadernetas passará a ser igual a 70% da taxa Selic e será inferior ao piso atual de 0,5% ao mês ou 6,17% ao ano. Mas, para os pequenos aplicadores, a caderneta deve continuar competitiva, pois sobre os rendimentos não incide IR.
Fonte: O Estado de São Paulo