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BRASIL ZERA TÍTULOS DA MORATÓRIA EXTERNA

Brasil zerou ontem sua dívida externa formada pelos títulos bradies ? os papéis emitidos pelo país em 1994, para quitar débitos ligados à moratória decretada pelo então presidente José Sarney, em 1987. O fim dos bradies foi formalizado com a recompra antecipada de US$ 6,6 bilhões em títulos que ainda estavam em circulação, com prazo de vencimento até 2024. Com a operação, o governo deu mais um passo para que o Brasil possa receber a classificação de ?grau de investimento? das agências internacionais de avaliação de risco, reduzindo os custos de captação de financiamentos externos.
?O Brasil se consolida como importante emissor de títulos soberanos nos principais mercados mundiais e dá um novo passo para obter o grau de investimento?, informou o Tesouro Nacional, em comunicado. A operação reafirma a diretriz de ?manter uma gestão de dívida transparente, sustentada por uma política fiscal austera?, acrescentou a nota, e representa uma economia de US$ 344 milhões em juros que deixarão de ser pagos.
Segundo o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Antonio Gragnani, levando-se em conta os juros que seriam pagos até o fim do vencimento desses papéis, a redução no serviço da dívida pública externa já chega a US$ 14,7 bilhões. Com o resgate de ontem, o programa de recompra antecipada de títulos com vencimento até 2010 totalizou US$ 10,2 bilhões.
O governo comemorou o fato. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a recompra ?tira uma mancha do currículo do Brasil?. ?Finalmente nos livramos desses títulos da dívida externa, originários da moratória?, disse. O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, lembrou que a dívida externa do governo deverá ficar igual às reservas internacionais no fim do ano. ?Essa é uma situação inédita na experiência recente do país?, afirmou. Segundo ele, a dívida externa está hoje em US$ 65 bilhões ? e as reservas internacionais deverão alcançar esse nível até dezembro. Atualmente, as reservas estão em US$ 54,797 bilhões.
Mantega aproveitou a operação para destacar a solidez da economia brasileira. Para o ministro, a recompra dos bradies é um passo importante na direção da normalidade da dívida externa que, segundo ele, nunca esteve tão confortável. ?Temos total solidez e solvência nas contas externas. Uma situação que há muito tempo não acontecia?. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo, garantiu que o programa de recompra continua. ?Todos os dias estamos acompanhando as condições de mercado?. O programa prevê uma recompra total de US$ 20 bilhões.
A operação foi avalizada também por economistas. ?Os bradies são títulos caros, já que tinham garantia do Tesouro norte-americano. Agora, o país poderá baratear seu endividamento?, afirmou Fernando Cardim, professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ?Mas, justamente por isso, o país terá que ter juízo para não cair na tentação de contrair novos empréstimos?, observou. ?A operação reduz a vulnerabilidade externa da economia brasileira, contribuindo para a queda do risco Brasil e para atração de novos investimentos?, confirmou Flávio Constantino Barbosa, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).
Emitidos no processo de reestruturação da dívida externa acertado com os bancos credores em 1994, os bradies são assim chamados porque surgiram num processo de negociação da dívida inspirado pelo secretário do Tesouro dos Estados Unido na época, Nicholas Brady. Os papéis têm uma cláusula que permite ao Tesouro Nacional a recompra antecipada nas datas de pagamento de juros a cada ano, em 15 de abril e 15 de outubro, por 100% do valor de face.

Fonte: Superávit

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