Brasil pode alcançar liderança no consumo de seguros por habitante na América
O Brasil já é hoje o segundo país em consumo de seguros per capita, isto é, por habitante, na América Latina. Mas poderá, no prazo de um a dois anos, suplantar o primeiro colocado, o Chile, se o crescimento do setor de seguros brasileiro mantiver o nível atual, de 16% a 18%, previsto para 2008. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (10), no Rio, pelo economista Alexis Cavicchini, professor de Finanças da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista na área de seguros. O crescimento da classe média brasileira e a redução do número de pobres podem levar ao aumento do consumo de seguros por habitante no país, indicou o economista. Disse que uma das razões que reforçam essa tese é a ascensão significativa das pessoas mais carentes, que começam a ter uma renda e a fazer um seguro. Eu diria que hoje o seguro está tendo uma função social para as famílias mais humildes. Segundo Cavicchini, as pesquisas mostram que a coisa que mais marca uma família humilde é quando ela não tem condições de dar um enterro digno ao principal provedor. Um enterro como indigente marca a pessoa para a vida toda. Enquanto o consumo de seguros per capita no Brasil deve alcançar este ano entre US$ 300 a US$ 320, dependendo da taxa de câmbio, no Chile está em torno de US$ 360. Cavicchini esclareceu, contudo, que esse valor considera somente o seguro vendido pelo mercado, que engloba as áreas de seguro, capitalização e Previdência aberta. No conceito mais amplo, que abrange também a Previdência fechada e a Previdência Social, o consumo per capita se eleva a mais de US$ 1 mil. Vai a 10% do PIB per capita no país. Ele observou ainda que o consumo per capita do seguro não inclui um outro componente muito importante, que é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo o economista da UFRJ, o Fundo é também um seguro, onde quem o recebe tem uma perda imensa. Considerando os últimos cinco anos, ele avaliou que o trabalhador que recebeu R$ 1 mil vai ter hoje em termos reais cerca de R$ 800. Se a pessoa tivesse capitalizado esse montante a 6% ao ano no período de dez anos, teria quase o dobro. Como isso é um prejuízo muito grande para os trabalhadores, acredito que mais cedo ou mais tarde os próprios trabalhadores vão pedir uma mudança, estimou. Considerando que cerca de 55% da produção de seguros está concentrada no segundo semestre, Cavicchini projetou que o setor terá, só em prêmios, de R$ 86 bilhões a R$ 88 bilhões este ano, sem considerar as receitas das seguradoras com as aplicações de reserva. Incluindo essas receitas, o faturamento do setor de seguros pode se elevar a até R$ 108 bilhões em 2008, estimou o economista. Com isso, o país poderá passar da 19ª posição no ranking mundial de seguros para a 14ª ou 15ª colocações. Por uma combinação de crescimento do mercado real e também em função da valorização do real.”
Fonte: CQCS