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Brasil já emergiu, apostam investidores em Davos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca amanhã em Davos com o terreno adubado para brilhar, ao receber o título de “Estadista Global”, o primeiro a ser entregue pelo Fórum Econômico Mundial.
“O Brasil já emergiu”, decreta, por exemplo, David Rubinstein, com o peso de quem gerencia o Grupo Carlyle e seus US$ 90 bilhões em investimentos. O fato de o Brasil crescer a um nível que é metade do chinês não significa nada: “O importante é que a estabilidade e a baixa inflação tornam o Brasil um país que já emergiu do ponto de vista do investidor”, diz.
Reforça Charles Dallara, representante do Instituto de Finanças Internacionais, que reúne os grandes bancos do planeta: “O Brasil é hoje a última de nossas preocupações”, afirma, para mencionar Europa e Estados Unidos como focos de inquietação, invertendo por completo o panorama que a banca global enxergava até o início do século. A rigor, a única preocupação de Dallara é com a eleição deste ano. “Se for tudo tranquilo, ótimo.”
A Folha pergunta se alguma candidatura preocupa o porta-voz da banca. “A Dilma é uma desconhecida”, responde, referindo-se a Dilma Rousseff, candidata presumível do governo.
Até o profeta do apocalipse Nouriel Roubini tem elogios para o Brasil e, nominalmente, para o presidente Lula: “O Brasil está em uma situação positiva. Crédito ao presidente Lula por ter mantido a estabilidade macroeconômica”.
Mas faz um reparo: “O Brasil não promoveu nenhuma reforma estrutural, o que pode prejudicar o potencial de crescimento do país”.
Os elogios ao Brasil vêm, em geral, embrulhados no pacote de louvação aos chamados mercados emergentes, China, Rússia, Índia, Coreia, embora Rubinstein ache que já não se pode tratar tais países como emergentes.
Ele lembra que, em 2014, a soma das economias dos grandes emergentes será maior do que a soma de Estados Unidos, União Europeia e Japão.
A China, sozinha, já está passando o Japão e tornando-se a segunda economia do mundo, lembra o economista japonês Heizo Takanaka, da Universidade Keio. Mas esse é um cálculo que ignora o fato de que a economia chinesa tem que alimentar uma quantidade de habitantes imensamente superior à do Japão. A renda per capita da China é das mais baixas entre os países do G20.
Por isso mesmo, Roubini alerta: “A China por si só não pode ser a locomotiva da economia mundial”. De fato, a economia chinesa, na altura dos US$ 4 trilhões (três vezes a brasileira, mas com sete vezes mais habitantes), nem se compara aos US$ 43 trilhões dos países verdadeiramente ricos.
Elogios e reparos à parte, o fato é que os executivos olham mais e mais para os emergentes, como diz Mikael Mäkinen, presidente do grupo finlandês de transportes Cargotec: “A produção e o consumo dos produtos está mudando para a Ásia e a América do Sul”. (CR).

Fonte: Folha de São Paulo

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