Brasil é o alvo de gigantes mundiais do setor de seguros
O apetite de seguradoras norte-americanas e européias de investir nos países em desenvolvimento ganha maior intensidade em busca de mercados que apresentam mais possibilidade de lucro. O Brasil é um dos fortes candidatos na América Latina a participar de negociações com companhias externas. Segundo fontes, seguradoras que já atuam no Brasil, como a americana Liberty, que recentemente adquiriu a Indiana Seguros, e a italiana Generali, estão dispostas a fazer novas aquisições. Para especialistas entrevistados pelo DCI, o principal interesse dessas seguradoras estrangeiras é aumentar o peso de suas operações no mercado.
O potencial do setor de seguros brasileiro também é atrativo para as seguradoras estrangeiras. A expectativa da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para 2008 é que o segmento atinja um crescimento de aproximadamente 20% no País, superando os 17% registrados em 2007. Segundo o economista Alexis Cavichini, professor de Finanças da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o desempenho positivo do mercado segurador brasileiro em 2008, aliado ao ganho cambial derivado da valorização do real ante o dólar, deverá levar a indústria de seguros a encerrar o ano com faturamento recorde de R$ 100 bilhões, ante R$ 75,5 bilhões faturados em 2007.
Para o diretor da Susep, Alexandre Penner, há prospecção de mais fusões e aquisições entre seguradoras estrangeiras e brasileiras. Segundo ele, investidores estrangeiros especulam bastante sobre o desempenho do mercado de seguros brasileiro, procurando conhecer quais os grupos que atuam no País e qual é avaliação da própria Susep a respeito do mercado doméstico. “A regra de solvência também é questionada. Esses especuladores pretendem apostar em potenciais nichos do setor, criando novos produtos”, diz Penner. Segundo ele, a abertura do mercado de resseguros também aumentou a especulação desses investidores no potencial mercado brasileiro.
Para o consultor da Value, especializada em fusões e aquisições no mercado de seguros, Rubens Nigoghossian, a busca pela consolidação do setor está cada vez mais forte no Brasil e as pequenas e médias seguradoras ainda são alvo do mercado, principalmente de empresas estrangeiras com perfil mais agressivo que apostam em mercados mais voláteis em meio à crise externa. “O objetivo é ganhar escala para reduzir o risco de sinistralidade”, diz. Nos últimos anos, a americana MetLife comprou a Soma Seguradora e a Seasul; a espanhola Mapfre adquiriu a Roma Seguradora e a Vida Seguros; e, mais recentemente, o Banco do Brasil incorporou a Aliança do Brasil. Segundo o diretor executivo da Mapfre, Dirceu Tiegs, a operação já está consolidada no Brasil e cresce de forma sustentável. “Fazer uma aquisição vai depender da oportunidade de negócio”, afirma Tiegs.
De acordo com Ricardo Pazian, consultor da Value, as seguradoras menores compõem grande parte das aquisições com finalidade de se fortalecerem depois da implantação da nova regra de solvência pela Susep no início deste ano. “Um exemplo, é a recente compra da Minas Brasil pela suíça Zurich”, diz Pazian. A nova regra de solvência dificultou a capitalização das pequenas e médias seguradoras, exigindo que cada seguradora atinja um valor maior em reservas para incorporar a seu patrimônio. Para Pazian, o número de seguradoras de pequeno porte no País está se saturando devido às aquisições para ganhar capital. Segundo o especialista, havendo competição no mercado, as aquisições são positivas, pois as seguradoras terão mais condições de oferecer novos produtos a melhor preço.
Segundo o presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros, de Capitalização, de Previdência Privada, das Empresas Corretoras de Seguros e de Resseguros (Fenacor), Sérgio Petzhold, as seguradoras estrangeiras estão focadas em seguradoras brasileiras independentes. “O Brasil é a bola da vez para esse tipo de investimento”, afirma Petzhold.
Fonte: DCI OnLine