Brasil deve retornar a Londres
A melhor forma de aumentar a capacidade do mercado brasileiro para absorver grandes riscos internos é fortalecer o IRB Brasil Re, inclusive a sua presença no cenário internacional, segundo defendeu o vice-presidente da JLT Re Brasil, Rodrigo Protasio, ao rebater a possibilidade de criação de uma seguradora estatal para cobrir obras de infraestrutura, tese defendida por setores do governo. Entre técnicos do Ministério da Fazenda, a avaliação é que o mercado brasileiro ainda não está totalmente disposto e preparado para operar no segmento de seguros que facilitem a oferta de crédito para grandes obras.
Segundo Rodrigo Protasio, um dos caminhos a seguir é o Brasil voltar ao mercado londrino, agora através da compra, pelo IRB, de um dos sindicatos do Lloyds. O IRB é um ressegurador importante e respeitado, mas precisa aumentar sua capacidade de reter negócios. A partir de Londres, fortaleceria a sua posição no mercado internacional, propôs o executivo, acrescentando que a empresa ainda aumentaria seu rating e poderia operar com mercados não registrados no Brasil.
Para concretizar a compra de um bom sindicato, ele estimou que são necessários investimentos de US$ 100 milhões. Outra alternativa, segundo ele, seria criar um novo sindicato no maior centro de resseguros do mundo, mas, neste caso, o retorno será mais demorado.
Rodrigo Protasio integrou o grupo de executivos brasileiros que participaram, no final da semana passada, em Nova Iorque, de um evento internacional sobre a atividade de resseguros, que teve como tema central a realidade brasileira pós-abertura desse mercado.
POTENCIAL. Na ocasião, ele conclamou os resseguradores estrangeiros a incrementarem a sua participação no mercado brasileiro, especialmente através de parcerias com o IRB Brasil Re. Existem inúmeras oportunidades por aqui, em nichos como os de petróleo, agricultura, construção, engenharia e garantia contratual, entre outros. É uma oportunidade única, observou.
No mesmo evento, o chefe de subscrição da Ace Latin América, Marc Poliquin, disse que o Brasil é, de fato, uma boa oportunidade de negócio. Advertiu, contudo, que a atividade de seguros local vem sofrendo com o aumento da taxa média de sinistralidade. Mais otimista, o organizador do encontro, Carlos Caputo, que gerencia as operações da resseguradora XL Re no Brasil, previu que o mercado brasileiro de resseguros, que hoje gira anualmente cerca de US$ 2 bilhões, vai dobrar de tamanho nos próximos cinco anos.
Já o presidente da Comissão de Seguro e de Resseguro da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Fábio Torres, percebeu no evento que os resseguradores internacionais querem entender as mudanças ocorridas no Brasil e saber quais são as garantias e as proteções que devem adotar. Outra importante preocupação dos players internacionais se refere às possíveis ações judiciais, pois é difícil para o estrangeiro entender práticas como os juros de 1% ao mês que as demandas judiciais, em regra, geram para o devedor, disse Fábio Torres.
Fonte: Jornal do Commercio