Bradesco e Petrobras fazem Bolsa fechar em queda de mais de 1%
Os dados fracos da economia chinesa derrubaram o preço das matérias primas negociadas no mercado global, com o petróleo do tipo Brent abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde janeiro, e também causam estrago na Bolsa brasileira. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em queda de 1,43%, aos 50.138 pontos, puxado principalmente pelas ações da Petrobras e do Bradesco. Já o dólar comercial fechou em alta de 0,84% ante o real, cotado a R$ 3,452 na compra e a R$ 3,454 na venda, renovando a máxima em 12 anos – essa é a maior cotação desde os R$ 3,479 do dia 20 de março de 2003.Um dos motivos para o mau humor foi a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da Caixin, que mostrou a atividade industrial da China caindo mais que o estimado inicialmente em julho, a maior contração em dois anos, com queda em novas encomendas.A desaceleração da economia chinesa acabou por afetar o preço das matérias primas. O petróleo do tipo Brent registrava queda de 5,04%, cotado a US$ 49,58 o barril, no momento do encerramento dos negócios no Brasil. É a primeira vez desde janeiro que a cotação fica abaixo dos US$ 50, pressionando os papéis das petrolíferas. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras registraram queda de 4,57%, terminando o pregão cotados a R$ 10,02. Já os ordinários (ONs, com direito a voto) caíram 5,18%, a R$ 10,98.VALOR PAGO PELO HSBC NÃO AGRADAA compra da operação brasileira do HSBC pelo Bradesco também não foi bem recebida por investidores nesta segunda-feira. As ações do Bradesco recuaram 3,07% – chegaram a recuar mais de 4% no início dos negócios – fechando a R$ 26,43. A operação irá custar R$ 17,6 bilhões à instituição com sede em Osasco, acima da faixa de R$ 10 bilhões a R$ 14 bilhões que era esperada por analistas. O Bradesco está caindo forte pela aquisição do HSBC. O valor pago pela seguradora, aparentemente, ficou acima do esperado disse Lauro Vilares, analista da Guide Investimentos.Tito Labarta, analista do Deutsche Bank, considera ainda que embora o Bradesco possa capturar sinergias da operação com o HSBC, o ambiente econômico torna essa possibilidade mais arriscada. Nós acreditamos que o risco de execução para entregar essas sinergias é particularmente alta no momento de um ambiente desafiador para o Brasil, disse, em relatório a clientes.A forte queda nas ações do Bradesco não foi seguida por outras ações do setor bancário, que tem maior peso na composição do Ibovespa. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram apenas 0,46% e o Banco do Brasil teve alta de 0,86%.Também teve desvalorização significativa as ações da Vale. As PNs caíram 1,84% e as ONs registraram recuo de 1,56%. As ações do frigorífico Marfrig também caíram forte, 2,25%. No domingo, a companhia informou que o seu controlador, a MMS, poderá vender uma fatia de até 20% dos papéis que detém do frigorífico.BC MANTÉM ROLAGEM DOS CONTRATOS DE SWAPSobre o dólar, além da preocupação sobre a economia chinesa, pesou também o fato do Banco Central (BC) ter mantido a rolagem dos contratos de swap cambial em 60% dos vencimentos. Se aumentasse essa fatia, a pressão sobre a cotação da moeda, no curto prazo, poderia ficar menor. No entanto, o estoque desses papéis é de mais de US$ 100 bilhões e o governo já deu sinais de que o ideal é acabar com essa exposição. O BC não mudou a sua política de rolagem e isso ajuda o dólar a subir. Há ainda a preocupação com a perda do grau de investimento afirmou Luiz Roberto Monteiro, operadora da Renascença Corretora.Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Lopes & Filho, lembra ainda que o cenário interno tem pesado para deixar o mercado de mau humor. Como exemplo, cita a situação fiscal, que torna mais real a possibilidade de perda do grau de investimento, e as investigações das denúncias de corrupção na Petrobras, que resultaram nesta segunda-feira na prisão do ex-ministro José Dirceu. Está um cenário muito negativo. A situação fiscal ainda preocupa e o que a gente vê é um mau humor nas últimas semanas, o que faz com que os investidores fiquem muito atrelados ao curto prazo, sem uma tendência clara de alta ou queda avaliou.PREOCUPAÇÃO COM ECONOMIA DA CHINANo caso da China, a desaceleração da economia asiática acaba afetando mais os países exportadores de commodities, como o Brasil, e por isso essas moedas perder força.Já o dollar index, que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de dez moeda, está praticamente estável, com leve alta de 0,15%.Os dados do PMI também fizeram as Bolsas asiáticas fecharem em queda. O recuo foi de 1,1% na Bolsa de Xangai nesta segunda-feira e de 0,91% em Hong Kong.No mercado externo, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,52% e o S&P 500 recuou 0,28%. Na Europa, o DAX, de Framnkfurt, fechou em alta de 1,19% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve variação positiva de 0,75%. Já o FTSE 100, de Londres, teve pequena desvalorização de 0,11%.
Fonte: O Globo
