Bolsas asiáticas caem com impasse em acordo financeiro nos EUA
As Bolsas asiáticas reagiram com cautela ao impasse nas negociações do plano de socorro ao setor financeiro americano e ao anúncio da compra do banco Washington Mutual pelo JP Morgan. A semana das asiáticas fechou com perdas leves, quando analistas achavam que os mercados poderiam registrar quedas comparáveis às da semana passada –quando as Bolsas registraram suas piores perdas desde o 11 de Setembro.
O Nikkei, índice que mede os negócios da Bolsa de Tóquio (Japão), fechou seu oitavo dia consecutivo de queda com recuo de 0,94%, em meio ao temor de que os Estados Unidos rejeitem o projeto de US$ 700 bilhões para salvar sua economia. No Japão, o Banco Central já injetou mais de US$ 110 bilhões para aumentar a liqüidez do mercado.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 1,13%, aos 18.720,60 pontos. Na Austrália, o recuo foi de 0,53%; em Seul (Coréia do Sul), a Bolsa caiu 1,68%; em Xangai, a desaceleração foi de 0,16%.
“Nesta manhã, parecia que o plano estaria sendo fechado, mas agora tudo parece muito distante”, afirmou Fujio Ando, do Chibagin Asset Management. O economista faz uma previsão amarga para o mercado americano nesta sexta: “Por tudo o que sabemos, Wall Street pode cair de 300 a 400 pontos.”
Na Ásia, o dia foi de espera. “Não é momento nem de vender tampouco de comprar. Tudo é especulação, e não podemos nos mover desse jeito”, disse Yutaka Miura, do Shinko Securities. O mercado todo agora espera a abertura de Wall Street para saber que tipos de estrago o impasse nos EUA vai causar.
Resgate econômico
Os congressistas americanos suspenderam na noite desta quinta-feira (25) sua última tentativa de negociação do plano de socorro financeiro proposto pelo Tesouro dos EUA, em meio ao caos gerado pelo impasse entre democratas e republicanos sobre a proposta.
Os legisladores prometeram retomar o diálogo nesta sexta-feira, mas não deram sinais de qualquer acordo.
O presidente americano, George W. Bush, que realizou uma reunião inédita para discutir a crise financeira, na Casa Branca, esperava chegar “muito rapidamente” a um acordo, o que não ocorreu. Estiveram presentes os candidatos democrata e republicano à Casa Branca, Barack Obama e John McCain, respectivamente, e as lideranças dos dois partidos no Senado e na Câmara dos Representantes (Deputados).
O líder da maioria do Senado, o democrata Harry Reid, lamentou os poucos progressos alcançados. “Sinceramente, não aconteceu nada nas últimas horas que possa nos ajudar no processo”, afirmou.
O encontro de ontem acabou com críticas mútuas entre republicanos e democratas. Obama afirmou que “é muito frustrante para os democratas ter visto a má administração que ocorreu nos últimos anos e sentir que temos de nos envolver e fazer algo”.
Líderes dos dois partidos chegaram a anunciar um acordo quanto às bases do plano, mas John McCain afirmou saber que o progresso no encontro não seria tão grande como parecia.
“Nunca houve um acordo, mas eu acredito que a reunião foi importante para mover o processo adiante”, afirmou o candidato republicano. “Ela nos deu um senso renovado de urgência e estou confiante de que teremos progresso, estou confiante de que chegaremos a uma conclusão.”
Já o democrata Obama defendeu a despolitização do debate em torno do plano econômico. “Injetar política em negociações delicadas cria mais problemas que soluções”, afirmou. Para ele, os trabalhos teriam tido mais resultados se a política não estivesse não presente. “É incrível o que acontece quando as câmeras estão desligadas”, disse ainda o presidenciável à CNN.
Fonte: Folha de São Paulo