BNDES registra recorde de operações
Os dados acumulados em 12 meses findos em junho deste ano mostram números recordes para os desembolsos e aprovações de projetos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), da ordem de R$ 96,6 bilhões e R$ 147,1 bilhões, respectivamente. O crescimento registrado foi de 23% nos desembolsos e 37,2% nas aprovações. As informações divulgadas na quinta-feira mostram também um aumento de 10,8% nos desembolsos no primeiro semestre deste ano em comparação com igual período do ano passado, totalizando R$ 42,9 bilhões. As consultas para novos investimentos cresceram 40% no período. Para o presidente do Bndes, Luciano Coutinho, os dados mostram que o pior da crise já passou.
O maior volume setorial de desembolsos no primeiro semestre ficou com a infraestrutura, que totalizou R$ 16,4 bilhões, com aumento de 9% em relação a igual período do ano passado, liderado pelos segmentos de energia elétrica e transporte rodoviário. Os desembolsos para o setor industrial subiram 8%, com um total que soma R$ 17,3 bilhões. No que diz respeito à agropecuária, foram direcionados R$ 3,1 bilhões (alta de 10%) e, para os serviços, o total foi de R$ 5,1 bilhões, com aumento de 32%. Coutinho disse que os dados mostram uma retomada da confiança dos empresários e revelam que o País poderá sustentar um crescimento de 4% a 4,5%, ou até mesmo superior, nos próximos anos. Segundo o executivo, os dados de desembolsos ao setor industrial mostram que a recuperação de investimentos na indústria está ocorrendo mais cedo do que o esperado.
Coutinho observou que, no que diz respeito aos investimentos, há uma expectativa positiva, embora moderada. “Não voltaremos ao nível de aceleração dos investimentos de antes da crise, mas o pior já passou e há uma recuperação, nos resta consolidar a recuperação da confiança”, avaliou. Segundo o executivo, os bancos públicos, inclusive o Bndes, tiveram um importante papel anticíclico na crise e está havendo um início de resposta positiva por parte do setor empresarial. Segundo Coutinho, a expectativa é de que no segundo semestre os resultados sejam bem mais fortes e, ao final do ano, o banco apresente novo recorde de desembolsos em 12 meses.
O presidente disse, ainda, que um dos papéis do banco é ajudar o Banco Central no médio e longo prazo. Segundo ele, o aumento dos investimentos vai ajudar no controle da inflação. “Quanto mais cedo os investimentos voltarem, mais fácil será controlar a inflação no futuro”, acredita. Coutinho afirmou também que a economia brasileira pode consolidar agora um patamar de juros muito mais baixo do que de 2004 a 2008 e que espera um patamar de juros real sub 5 no País, ou seja, abaixo de 5%. Porém, a consolidação dessa alíquota é um processo de médio prazo, para os próximos três a quatro anos.
O Bndes está trabalhando e tem um pouco de pressa, segundo Coutinho, na definição das medidas para rastrear a origem da carne bovina dos frigoríficos financiados pela instituição. “É uma questão bastante complexa, especialmente no Amazonas, de como tornar essas medidas eficazes. Sou avesso a anunciar o que não está bem estruturado”, disse. As medidas a serem implantadas pelo banco deverão prever uma série de exigências para a concessão de empréstimos para os frigoríficos. Uma das decisões esperadas é a implementação de um programa de rastreabilidade que permita dizer se a carne que chega aos supermercados tem origem em fazendas que contribuem para o desmatamento do bioma amazônico.
Micro e pequenas empresas estão recebendo mais recursos
A liberação de recursos do Bndes para as micro e pequenas empresas cresceu 40% nos 12 meses até junho, em comparação a igual período anterior. Para as grandes empresas, os desembolsos aumentaram 22%. E para as médias empresas, a expansão foi de 7%. Na análise apenas do primeiro semestre deste ano, os números divulgados pelo presidente do banco, Luciano Coutinho, mostram crescimento de 22% nas liberações de recursos para as micro e pequenas companhias, contra 14% para as empresas de grande porte. Já as médias empresas apresentaram retração de 23%. “Uma queda que esperamos reverter nos próximos meses”, afirmou.
Coutinho atribuiu boa parte do aumento de recursos para as micro e pequenas empresas ao cartão de crédito do banco para compras pela internet, cujos desembolsos revelaram crescimento de 393% entre janeiro de 2008 e junho deste ano. “Esse esforço tem decorrido, principalmente, do fortíssimo crescimento dos desembolsos por meio do Cartão Bndes. Está muito claro aqui que as decisões tomadas no fim do ano passado foram muito eficazes com relação à questão do cartão”, disse. A instituição ampliou o limite máximo de crédito do cartão de R$ 250 mil para R$ 500 mil por banco emissor. O prazo de pagamento também foi ampliado de 36 para 48 meses, com juros fixos.
Coutinho disse que a procura pelo Cartão Bndes é crescente e o banco vem conversando com a rede bancária credenciada para ampliar o atendimento ao setor das MPEs. Ele espera ter mais um parceiro importante em São Paulo, a Nossa Caixa, para repassar o cartão. O superintendente da área de Operações Indiretas do Bndes, Cláudio Bernardo Moraes, disse que se a taxa de juros voltar a cair, os juros cobrados pelo banco no cartão, hoje de 1% ao mês, também cairão, com a taxa passando para 0,97% este mês.
Banco e Petrobras trabalham para fortalecer cadeia produtiva do petróleo
O Bndes está trabalhando em parceria com a Petrobras para fortalecer a cadeia produtiva de petróleo e gás no País, informou o presidente do banco, Luciano Coutinho. “Nós estamos apoiando a construção de estaleiros, assim como de embarcações no Brasil, diretamente ou via Fundo de Marinha Mercante”, afirmou o executivo. Coutinho disse que o Bndes está trabalhando também em conjunto com o setor de bens de capital e serviços de engenharia com o mesmo objetivo.
“Sabemos que o Brasil não pode apenas ambicionar ser uma economia petroleira que importa tudo, como é a maioria dos casos dessas economias. O Brasil tem uma base manufatureira que lhe permite, além de ser um grande produtor de petróleo, ser um exportador de serviços e equipamentos”, disse.
CMN aprova juro menor para setor de bens de capital
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta quinta-feira a redução dos juros para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) destinados à produção e aquisição de bens de capital e à equalização dos juros pelo Tesouro Nacional. As medidas foram anunciadas pelo governo no dia 29 de junho, mas dependiam de aprovação do CMN para que o banco pudesse implementá-las. Segundo o assessor econômico do Tesouro Nacional, Mário Augusto Gouvêa, o Bndes ofertará R$ 42,5 bilhões para essas linhas de financiamento nos próximos oito anos. O CMN aprovou a redução das taxas de juros de 10,25% para 4,5% ao ano das linhas do Finem, Finame, Finame Agrícola e Bndes Automático, que são destinadas à aquisição e produção de máquinas e equipamentos.
Para a exportação de bens de capital, o custo da linha de pré-embarque foi reduzido de 12,05% para 4,5% ao ano. O CMN também homologou a redução dos juros de 13,25% para 4,5% ao ano da linha de financiamento do Pró-Caminhoneiro. O prazo de financiamento também foi ampliado de 84 para 96 meses e o limite máximo de idade do caminhão usado a ser financiado passou de oito para 15 anos.
Gouvêa afirmou que o impacto fiscal das medidas será de R$ 5,5 bilhões ao longo do programa, já que o Tesouro irá equalizar a diferença entre o custo de captação dos recursos pelo Bndes e o custo final do empréstimo para o consumidor. No entanto, o impacto nas contas públicas só ocorrerá a partir de 2010, já que a equalização ocorrerá seis meses após a contratação do empréstimo. Segundo o técnico, a previsão é de que sejam equalizados R$ 1,4 bilhão em 2010 e R$ 1,3 bilhão em 2011.
O CMN também aprovou um crédito de até R$ 5 bilhões para o programa Minha Casa, Minha Vida. De acordo com a resolução 3.758, o Bndes emprestará os recursos para a Caixa Econômica Federal financiar a infraestrutura dos empreendimentos habitacionais que serão construídos com o apoio do programa federal. Segundo a resolução, o financiamento será de até 54 meses com carência de até 18 meses para a Caixa iniciar os pagamentos semestrais ao Bndes. O prazo para que as duas instituições fechem o contrato é de até 31 de dezembro de 2012.
Fonte: Jornal do Comércio RS