Bicicleta no trânsito, uma idéia para São Paulo
Em um dia de congestionamento recorde em São Paulo, após horas de lentidão em uma avenida do bairro de Pinheiros, o carro do advogado Marco Freire parou. Diagnóstico: falta de combustível. Depois de acionar a seguradora, ele se surpreendeu com a chegada do socorro em 20 minutos. O mecânico foi de bicicleta até o local.
Serviço pioneiro oferecido pela Porto Seguro, o Bike Socorro atende aos segurados nas ocorrências que podem ser resolvidas sem necessidade de remoção do veículo. Para o vice-presidente-executivo da companhia, Fabio Luchetti, a iniciativa põe em prática o conceito sustentável de transporte: mostra que, em alguns casos, a bicicleta pode ser uma alternativa para o problema do trânsito, além de não prejudicar o meio ambiente.
Os bons resultados já inspiram a diretoria da Porto Seguro a estender a experiência para outros serviços, como a vistoria de veículos. Responsável pela assessoria do projeto, o bike-repórter da Rede Eldorado, Arturo Alcorta, comenta otimista que a idéia é que a iniciativa se torne uma tendência e seja adotada por outras empresas.
A Porto Seguro também estuda instalar bicicletários nas estações de metrô do Centro e da Avenida Paulista, em parceria com a Prefeitura e o Estado. Além de local para estacionamento, o projeto prevê que bicicletas sejam colocadas à disposição de passageiros gratuitamente por até 30 minutos. E poderão ser devolvidas em qualquer estação. Para períodos mais longos, o usuário cadastrado pagará uma tarifa de aluguel.
EXEMPLO FRANCÊS
A proposta é inspirada num projeto adotado em Paris, que conta com uma enorme rede de metrô e com o uso crescente da bicicleta como meio de transporte. O objetivo é incentivar o transporte de duas rodas para percorrer pequenos trajetos e ajudar a descongestionar os já saturados trens do metrô.
O financiamento das bicicletas e a instalação de estruturas nas estações ficarão a cargo da seguradora, que já tem uma iniciativa semelhante, mas exclusiva para associados. ´A Porto Seguro tem o know-how´, diz Marcelo Borg, gerente de negócios e marketing do Metrô. O início da implantação do projeto está prevista para julho.
A integração da bicicleta ao sistema de transporte pode ser uma alternativa para problemas que afetam grandes cidades no mundo todo. A cidade de São Paulo tem a maior frota de veículos do País: quase 6 milhões. Nos horários de pico, o motorista paulistano desenvolve velocidade média entre 19 e 22 quilômetros por hora. Já um ciclista com porte físico normal consegue pedalar em regiões planas a 25 km/h. No espaço ocupado por um automóvel na rua, cabem cerca de seis bicicletas. Além disso, a utilização de bicicletas contribui para a redução do gás carbônico, principal poluente lançado por carros na atmosfera.
Flávio Meireles, gerente da Bike Courier, empresa que faz entregas e serviços bancários por meio de bicicletas, aderiu à causa há dez anos. Ele começou como ´bikeboy´ e incentiva a população a deixar o carro na garagem. ´Pedalar numa cidade como São Paulo requer atenção, mas é perfeitamente possível para qualquer um. Faz bem à saúde e não polui o meio ambiente´, incentiva.
Fonte: O Estado de São Paulo