BB quer 10% no crédito de veículos
Com a criação de banco múltiplo em parceria com o grupo financeiro sul-africano FirstRand, o Banco do Brasil quer alcançar 10% do mercado brasileiro de financiamento a veículos até 2012, com carteira superior a R$ 20 bilhões. A informação é do vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores do Banco, Aldo Luiz Mendes. A fatia considera as modalidades Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e leasing.
O Banco do Brasil detém 5% de participação nesse mercado só com CDC. Este ano, a instituição financeira quer chegar a R$ 6 bilhões em financiamento a veículos. Tenho certeza de que vamos ultrapassar isso, afirmou o presidente do banco, Antonio Francisco de Lima Neto. Nos últimos doze meses, até junho, essa carteira cresceu 173,46%, para R$ 4,709 bilhões. Em apenas três meses, a expansão foi de 32,87%.
Lima Neto evitou comentar a intenção do governo de aplicar Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 3,38%, sobre os contratos de leasing para frear a demanda por veículos no País.
Isenção. Hoje, esses contratos de leasing são isentos de imposto porque são considerados como arrendamento mercantil e não como financiamento. Não vou comentar hipótese. Vamos aguardar mais para ver que medida o governo irá tomar, disse.
Segundo Lima Neto, os fundamentos de crédito no Banco do Brasil estão bem construídos. Temos 26 milhões de correntistas e modelo muito competitivo, acrescentou.
Na avaliação de Mendes, a parceria com o FirstRand permitirá ao banco explorar o mercado de financiamento a veículos de forma diferenciada, já que o grupo sul-africano desenvolveu modelo de negócios não só baseado no preço, levando-o à liderança.
Não sabemos fazer financiamento de veículos fora das agências do banco. Eles sabem, pois desenvolveram forma de relacionamento com os dealers (vendedores), através da diferenciação do produto, pelo qual esses dealers se dispõem a ganhar menos e a trabalhar para eles.
O sistema desenvolvido pelo FirstRand é muito ágil. Além disso, a economia sul-africana tem traço parecido com a brasileira, explicou.
Outra meta do Banco do Brasil é a de crescer no mercado de seguros, com a reestruturação dessa área a partir da aquisição recém-concluída da participação restante na Aliança do Brasil.
De acordo com Lima Neto, o banco está em processo de contratação de adviser (consultor) para reestruturar a área em até doze meses. A premissa do negócio é buscar mais sinergia e mais valor, dentro de novo patamar de vendas, afirmou.
O presidente da instituição financeira informou que serão avaliadas várias possibilidades para a reorganização dessa área, como a junção de vida e previdência e a procura de outro sócio para a Aliança do Brasil. Lima Neto negou que o fim da sociedade com a Aliança da Bahia tenha sido litigiosa.
Devo elogiar o sócio anterior, pois a empresa é extremamente rentável. A decisão foi apenas visando novo futuro, disse.
Segundo Mendes, o Banco do Brasil ocupa hoje a quarta colocação, por prêmios retidos, no mercado de vida e a terceira posição no mercado de previdência, de acordo com ranking da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Queremos disputar a liderança dos mercados de vida e previdência, em 2012. Como meta, faremos o mesmo que fizermos em veículo. Vamos estruturar alguém para vender esses produtos fora das agências do banco, concluiu.
AQUISIÇÕES. Lima Neto afirmou que deve concluir a compra do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) em outubro e a aquisição da Nossa Caixa em novembro. No caso do Besc, pelo menor volume de ativos, as negociações estão mais avançadas. Já na Nossa Caixa, o Banco do Brasil iniciará as discussões de preço com o governo paulista nas próximas semanas.
A instituição também negocia a compra do Banco de Brasília (BRB) e do Banco do Estado do Piauí (BEP). As incorporações desses bancos regionais ajudarão o Banco do Brasil a alcançar, até meados do ano que vem, o free-float mínimo (ações em circulação) de 25%, conforme estabelecido no mercado acionário. As incorporações levarão à emissão primária de ações e automaticamente cumpriremos esse cronograma, disse.
Hoje, o free float do Banco do Brasil é de 21,7%. O vice-presidente de finanças, mercado de capitais e relações com investidores do banco, Aldo Luiz Mendes, não quis comentar o processo de abertura de capital da VisaNet. Existe essa hipótese, mas não podemos afirmar, nem fechar calendário. Ele também reafirmou a vontade de emitir recibos de ações (ADRs) na Bolsa de Nova York, mas disse não haver plano concreto.
CRÉDITO. Lima Neto disse que a carteira de crédito total do Banco do Brasil deve crescer 30% este ano. No ano passado, essa carteira totalizou R$ 160,739 bilhões e em junho deste ano alcançou R$ 190,082 bilhões; alta de 18,26% em seis meses. Para a carteira da pessoa física, a previsão de expansão em 2008 é de 30% a 35%. Em junho deste ano, essa carteira somou R$ 40,503 bilhões, valor 45,15% acima de junho de 2007.
Para o ano que vem, o presidente do Banco do Brasil avalia que a carteira de crédito deverá crescer menos que em 2008. Os principais bancos privados esperam crescimento para 2009 de cinco a dez pontos porcentuais abaixo do que vai ocorrer em 2008 e a gente se alinha com essa visão, disse.
Lima Neto avaliou que o Índice de Basiléia do banco, de 13,1% – próximo ao mínimo exigido pelo Banco Central – não será fator limitador.
Temos alternativas, como a emissão de dívida subordinada. Existe mercado para isso. Os bancos regionais que devemos incorporar também têm folga de Basiléia e isso nos será transmitido. Além disso, na simulação da Basiléia 2 temos um ponto porcentual de folga. Para esse ano e para 2009, temos capital tranqüilo para continuar crescendo, afirmou. No segundo trimestre de 2007, a Basiléia do banco estava em 15,9%.
O Banco do Brasil explicou, ainda, a decisão de transferir parte da diretoria de mercado de capitais do Rio de Janeiro para São Paulo.
A parte administrativa dessa diretoria, que cuida de participação, custódia etc, continua no Rio, mas a parte voltada para negócios, como originação e venda de títulos de renda fixa, renda variável, recebíveis e outros, veio para São Paulo para ficar mais próxima do mercado. E isso tem sido muito positivo. Nosso grau de competitividade aumentou, afirmou Mendes.
Fonte: Jornal do Commercio