Bônus catástrofe têm queda pela oitava semana à espera do La Niña
Os bônus catástrofe, como são conhecidos os papéis usados pelos investidores para apostar contra desastres naturais, apresentaram queda pela oitava semana consecutiva, influenciados pelas notícias de que as atuais condições oceânicas poderiam agravar a temporada de furacões no Atlântico.
O índice Swiss Re Cat Bond Price Return recuou 0,10% em 9 de julho. Assim, o indicador referencial, cujos preços saem a cada sexta-feira, apresentou sua maior sequência de declínios desde junho de 2008.
O fenômeno meteorológico La Niña, que esfria o Oceano Pacífico equatorial, deverá formar-se em agosto, aumentando o número e a intensidade das tempestades no Atlântico, segundo informou o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos na semana passada.
Alguns investidores podem estar ficando de fora em função dessas previsões, afirmou Judy Klugman, diretora-gerente da Swiss Re Capital Markets, que lança e subscreve esses papéis. Eles estão olhando para as previsões e dizendo: Quer saber? Talvez agora não seja o momento certo para entrar nesse mercado.
Seguradoras como a American International Group (AIG) e a Assurant Inc. vendem os bônus como uma alternativa para o resseguro contra furacões e terremotos.
O governo dos Estados Unidos divulgou, em maio, que a temporada de furacões poderia ser extremamente ativa, com 14 a 23 furacões sendo identificados com nomes. O fenômeno La Niña poderia elevar esses números porque reduz os ventos em altas altitudes que impedem o desenvolvimento de tempestades no Oceano Atlântico, de acordo com o Centro de Previsão Climática, que faz parte da Agência Atmosférica e Oceânica Nacional, dos EUA.
Com a incidência do La Niña, as tempestades têm uma probabilidade muito maior de se transformar em furacões significativos e acabar ameaçado as ilhas caribenhas e os EUA, de acordo com o centro climático.
A temporada de furacões deste ano poderia ser a mais ativa desde a de 2005, que foi a pior na história com mais de 1,5 mil mortes nos EUA e prejuízos de US$ 115 bilhões, segundo divulgou a Moody s em junho. A temporada começa em 1º de junho e termina em 30 de novembro. O primeiro furacão da temporada, identificado como Alex, formou-se em junho, perto da Península de Yucatán, chegou até o continente, em terras mexicanas, há pouco mais de 150 quilômetros do sul de Brownstille, Texas.
Os recursos obtidos com as vendas de bônus catástrofe são investidos em garantias, como bônus governamentais, que são usados para pagar juros aos investidores e, caso aconteça de fato um desastre predeterminado, para pagar os emissores dos bônus.
Os bônus catástrofe subiram o recorde de 5,2% em 2009, quando a temporada de furacões foi moderada com nenhuma tempestade sendo identificada até 15 de agosto. Em 2008, o índice da Swiss Re, que não reflete o pagamento de juros, caiu 7,3%, já que houve furacões como o Ike e o Gustav, além da quebra do Lehman Brothers Holdings Inc.
O Lehman Brothers havia vendido contratos para proteger quatro bônus catástrofe por meio de operações conhecidas como swaps de retorno total. A quebra da instituição em 2008 levou os subscritores a respaldar os papéis subsequentes com ativos mais seguros, o que contribuiu para a recuperação em 2009. Há cerca de US$ 14 bilhões desses papéis em aberto, de acordo com a Swiss Reinsurance Co., de Zurique.
A Swiss Re, Allianz SE e Chartis, unidade de seguros de propriedades da AIG, estão entre as instituições que venderam cerca de US$ 2,4 bilhões em bônus catástrofe no acumulado do ano até início de junho, volume 70% superior ao do mesmo período em 2009, de acordo com dados reunidos pela Bloomberg.
A Chartis lançou US$ 425 milhões em bônus catástrofe em maio. Uma parcela do bônus de US$ 250 milhões paga juros de 8,25% acima das notas do Tesouro dos EUA de três meses. A segunda parcela paga 6,25% acima desses papéis.
Fonte: Valor