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Bancos mudam o negócio de seguros

Altamiro Silva Júnior
Seguradoras de um lado, bancos do outro. A estrutura do mercado
segurador deve mudar radicalmente em menos de cinco anos, conclui um estudo da G5 Solutions, consultoria especializada no mercado segurador. Como já começou a acontecer, os bancos vão mudar suas estratégias e se concentrar na área de capitalização, vida e previdência, se desfazendo das outras atividades de seguros (automóveis e ramos elementares). Banco Real e HSBC seguiram este caminho. Já o Santander Banespa está com uma licitação aberta para escolher seguradoras que vão poder usar sua rede para vender seguros (menos vida e previdência), outra tendência apontada pelo estudo da G5.
Para os analistas ouvidos pelo Valor, um dos principais problemas dos seguros para os bancos com seguradoras próprias é o comprometimento da imagem da instituição com eventuais complicações dos sinistros. “Mais que um problema de rentabilidade, há o temor de comprometimento da imagem do banco”, diz Nilton Molina, presidente do conselho de administração da Mongeral, seguradora especializada em vida e previdência. “O cliente não separa a imagem do banco da seguradora. Para ele, é a mesma instituição”, afirma Luiz Roberto Latini, da G5.
Do movimento recente de venda de seguradoras pelos bancos, que já movimentou R$ 1,4 bilhão, nenhum deles vendeu as carteiras de vida e previdência. No máximo, venderam uma fatia delas, como fez o Banco Real, que vendeu 50% para a Tokio Marine (que também ficou com toda a carteira de ramos elementares do banco). “A carteira do Real é complementar à nossa”, diz José Luiz Valente, vice-presidente comercial da Tokio, seguradora especializada em riscos industriais. “Agora, queremos oferecer nossos produtos para os clientes corporativos do banco”, diz.
Na avaliação de Molina, para os bancos é mais fácil vender produtos financeiros, como os títulos de capitalização, PGBL e VGBL, e não os produtos de risco, como o seguro de automóvel. Primeiro porque os produtos de acumulação (como o PGBL) podem ser oferecidos em qualquer agência e são “erradamente” de venda rápida, ao contrário de um seguro de automóvel.
Muitas vezes o PGBL é vendido pelo gerente do banco como um fundo de investimento, e não como um plano de previdência complementar. Já nos autos, o alto índice de sinistralidade (roubo e acidentes), o custo elevado das autopeças e a estagnação das vendas do seguro de automóveis, tornam o produto pouco interessante para os bancos, avalia o estudo da G5.
Para o presidente da Bradesco Seguros, Luiz Carlos Trabuco Cappi, seguradoras estrangeiras, como a Tokio Marine ou a HDI, que comprou a carteira de veículos e bens do HSBC, não apostariam no Brasil se as expectativas para o mercado segurador não fossem boas. Hoje, o setor responde por cerca de 3% do PIB. A expectativa dos analistas é que em menos de cinco anos, essa participação chegue a 7%.
Marcos Falcão, presidente da Icatu Hartford, vai mais longe e diz que os bancos vão, no futuro, se desfazer até das carteiras de vida e previdência. “Eles vão se focar no crédito”, diz. Para ele, os bancos serão canais de distribuição para os seguros, deixando a administração do risco para seguradoras especializadas. A Icatu, por exemplo, vai distribuir seguros de vida individuais da Mongeral, que acaba de assumir sua carteira de risco individual, com 40 mil clientes.
O Santander Banespa também está mudando sua estratégia para os seguros. O banco está escolhendo algumas poucas seguradoras que poderão usar sua rede para vender seguros. A cobiçada área de vida e previdência continua só com o banco. Segundo fontes do mercado, dez seguradoras participam da licitação, entre elas, SulAmérica, Marítima, Porto Seguro e a espanhola Mapfre. Segundo um participante, as condições impostas pelo banco para quem for escolhido são muito duras. As comissões, por exemplo, têm que serem pagas antecipadamente.

Fonte: Valor

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