Bancos atingem novo recorde de remuneração
Para os bancos e seguradoras dos Estados Unidos parece que a crise financeira internacional já é coisa do passado. Pelo menos, é o que indica análise do setor publicada ontem pelo prestigioso Wall Street Journal, que registra novo recorde de remuneração para os funcionários dessas empresas: 140 milhões de dólares. Os funcionários dos 23 principais bancos de investimentos do país, dos fundos de investimento e os operadores das casas de corretagem da bolsa poderão ainda ganhar mais que em 2007, que marcou o recorde anterior. A análise se baseou nos relatórios apresentados na primeira metade de 2009 e as estimativas para o final do ano.
Os salários dos altos executivos dos bancos foi um dos pontos bastante criticados durante o auge da crise econômica, inclusive pelo presidente norte-americano, Barack Obama, e houve tentativas de regulação do setor, mas as pressões não surtiram efeito. O total das remunerações das firmas que publicam seus dados está aumentando cerca de 20% em relação ao ano passado, quando alcançaram 117 bilhões de dólares em salários e gratificações. Em 2007, foi registrado o recorde anterior, com o pagamento de US$ 130 bilhões no setor.
Este ano, os funcionários de bancos e seguradoras ganharão em média 143.400 dólares por ano, o que representa um aumento de 2.000 dólares em relação a 2007. O jornal destaca o desempenho do setor no terceiro trimestre do ano, que já indica excelentes resultados impulsionados pela nova força manifestada pelas bolsas, o aumento do crédito e os efeitos dos programas de ajuda estatais. O ponto negativo destacado é que tudo isso ocorre apesar do aumento do desemprego nos Estados Unidos.
A análise publicada no Wall Street Journal inclui gigantes como o JP Morgan, Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stlanley, BlackRock e Franklin Resources.
DESEMPENHO. Outro sinal de que o setor bancário está se fortalecendo foi dado ontem pelo banco JP Morgan Chase, que anunciou que seus lucros no terceiro trimestre de 2009 subiram para US$ 3,6 bilhões. O valor é quase sete vezes o lucro de obtido pelo grupo no mesmo período do ano passado.
O JP Morgan é o segundo maior banco dos Estados Unidos e seus resultados superaram as expectativas em Wall Street. De acordo com o relatório, os ganhos na área de banco de investimento compensaram perdas profundas com cartões de crédito e outros empréstimos ao consumidor durante a recessão. Neste ambiente, é um desempenho digno de campeão, disse Mike Holland, presidente da Holland & Co, em Nova York.
Custos com crédito aumentaram, conforme o banco adicionou US$ 2 bilhões às reservas para se proteger contra futuras perdas de transações voltadas aos consumidores e outros empréstimos, elevando as reservas totais para US$ 31,5 bilhões. As perdas com empréstimos também saltaram e o banco registrou US$ 7 bilhões em cancelamentos de dívida líquidos nos empréstimos ao consumidor, acima dos US$ 3,3 bilhões no ano anterior.
LEHMAN BROTHERS. Nove ex-diretores do falido Lehman Brothers na Europa estão exigindo dos administradores norte-americanos do banco o pagamento de mais de US$ 100 milhões, que estariam estipulados em seus contratos.
No grupo estão os co-diretores do banco na Europa e Oriente Médio, Riccardo Banchetti e Christian Meissner, que reclamam respectivemente US$ 26,04 e US$ 17,3 milhões. Todos alegam que receberam a promessa de remunerações diferenciadas ou a opção por ações, em alguns casos cinco anos antes da falência do banco. (Com agências)
PERIGO NOS EMPRÉSTIMOS
Um dos perigos ainda grandes para o setor bancário norte-americano está relacionado aos empréstimos. Quem fez o alerta foi Daniel Tarullo, membro do Conselho dos governadores do banco central americano (Federal Reserve, Fed). As perdas dos bancos ligadas a empréstimos continuam aumentando no segundo trimestre deste ano, declarou em discurso num dos comitês dedicados aos assuntos financeiros do Senado norte-americano. Os bancos se arriscam a registrar perdas extras importantes ligadas a empréstimos, vistas as perspectivas para a produção e o emprego, acrescentou. Se o declínio do preço de compra da casa própria desacelerou no segundo trimestre, os ajustes contínuos no mercado imobiliário sugerem que os despejos e as perdas por empréstimos hipotecários devem continuar elevados, continuou. Além disso, as tensões persistem nos mercados financeiros, apesar de sua situação global ter melhorado.
Fonte: Jornal do Commercio