Economia

Banco vende seguradora e negocia com FGC

O controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, acertou a venda da seguradora Kovr a executivos da própria companhia e tenta rolar mais uma vez o empréstimo de cerca de R$ 4 bilhões que pegou com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) enquanto a instituição financeira negocia outros ativos, de acordo com fontes a par das conversas.

Segundo comunicado enviado pela Kovr a parceiros, ao qual o Valor teve acesso, executivos que eram minoritários na companhia, como o CEO Thiago Moura, Eduardo Viegas e Renato Rennó, compraram toda a fatia do Master na seguradora.

A transação representa um desfecho diferente do esperado no mercado, já que havia a expectativa de que a Kovr fosse vendida para a holding J&F, da família Batista, até porque a seguradora tem um acordo para usar o balcão do Original/PicPay. A companhia estaria sendo oferecida por algo entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.

Com isso, Vorcaro procura ganhar tempo para buscar alternativas depois de o Banco Central ter barrado a venda de parte da instituição financeira para o Banco de Brasília (BRB).

A linha oferecida pelo FGC ao Master já foi rolada por 30 dias, até o fim deste mês. Os grandes bancos, que são os maiores cotistas do fundo, não têm muita disposição para estender o prazo, mas não descartam totalmente a medida, pois uma intervenção do Banco Central representaria um passo mais drástico.

“Como toda operação, tem data de vencimento. E, como todo contrato, pode ser aditado”, diz um interlocutor a par das conversas. A chamada linha de assistência de liquidez do FGC não tem prazo fixo e pode ser estendida indefinidamente.

Para outra fonte com conhecimento do assunto, todos os interessados estão em negociação. “Como a exposição do Master só diminui, porque ele parou de captar novos depósitos e tem honrado seus CDBs, deveria haver espaço para renovação da linha” diz. “Não se trata de resolver a vida do Master, é resolver o dia de amanhã e ganhar algum tempo”, aponta um terceiro interlocutor. Vorcaro, inclusive, já teria apresentado novos planos mais detalhados ao BC em uma tentativa de salvar o banco.

Vorcaro também estaria negociando a venda do banco digital Will Bank, pretendendo levantar algo perto de R$ 200 milhões. O ativo atrai alguns interessados, mas não há um favorito claro.

Ao mesmo tempo, ele não desistiu de um acordo com o BRB, que poderia ser reapresentado em outros termos ao Banco Central, com um escopo menor, após essas outras vendas de ativos. “O BRB está assistindo o desenrolar das demais operações para definir se há algum caminho”, aponta um observador.

O controlador do Master contratou o advogado e ex-presidente da República Michel Temer para ajudá-lo a encontrar alternativas para o caso. “Não seria fazer com o BRB um acordo nos termos inaugurais, iniciais, mas talvez vir a fazer uma transação muito inferior, muito menor. Não sei se será possível ou não”, afirmou o próprio Temer em entrevista na semana passada.

Enquanto procura alternativas, o Master demitiu recentemente 86 bancários, o que levou o sindicato da categoria a fazer uma manifestação em frente à sede do banco, no Itaim Bibi, na capital paulista. “Os desligamentos foram gerais, com algumas áreas mais afetadas que outras. O clima no banco está muito estranho”, disse um funcionário.

Procurados, Master, BRB e FGC não se manifestaram.

Fonte: Sonho Seguro – Denise Bueno

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