Banco do Brasil terá que negociar carteiras com seus parceiros
O próximo passo da compra da Nossa Caixa é acertar com quem fica as operações de seguros, previdência privada e capitalização. O Banco do Brasil não esconde o interesse nessas carteiras, mas terá que escolher como conduzir o negócio com os atuais sócios e parceiros da instituição paulista.
No caso de seguros de ramos elementares, como automóvel e residencial, a Nossa Caixa mantém acordo de comercialização com Porto Seguro, SulAmérica e Mapfre. Até setembro, quase 35 mil apólices foram fechadas nas agências. A parceria com a Icatu Hartford rendeu receitas de R$ 6,4 milhões em vendas de capitalização em igual período.
O acordo mais rentável e complexo está na área de seguros de vida e planos de previdência privada. Há três anos, o banco estadual assinou contrato de sociedade com a Mapfre, criando Nossa Caixa Mapfre. A seguradora espanhola é majoritária, com 51% das ações e direito de vender produtos com exclusividade nas unidades do banco por 20 anos.
No início deste mês, o presidente da joint venture, Marcos Eduardo Ferreira, comemorou a venda de 3 milhões de apólices e a transferência de R$ 38,7 milhões em dividendos para o parceiro minoritário até setembro. O executivo aproveitou para manifestar interesse em continuar o trabalho com o novo controlador.
“É sempre muito atrativo ter algum tipo de acordo de distribuição com um canal como o Banco do Brasil”, disse. Ontem, o grupo Mapfre divulgou comunicado reforçando o interesse.
Resta saber se o Banco do Brasil aceitará repartir esse bolo. O setor de previdência privada movimentou R$ 22,6 bilhões de janeiro a setembro, e a BrasilPrev, seguradora do banco federal, é a terceira maior do País, com fatia de 14% do mercado. Francisco Lima Neto, presidente do BB, falou que o segmento é “interessante”.
“Com a Nossa Caixa passamos a controlar o maior balcão de distribuição de produtos de seguros do País, com mais de 5 mil pontos de venda.” Segundo o ex-diretor da área de seguros e atual vice-presidente de governos do BB, Ricardo Flores, as operações de seguros fazem parte de uma nova etapa da transação anunciada ontem. “A partir de agora vamos trabalhar várias agendas, entre elas conversar com os parceiros da Nossa Caixa na área de seguridade e definir de que forma estimular a sinergia desses canais para agregar valor às operações do banco”, explicou Ricardo Flores.
Ao comentar o assunto, o presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, disse que o assunto já está sendo discutido entre o banco paulista e as empresas envolvidas e foi mais explícito: “Os acordos com Icatu e Mapfre estão sendo discutidos e é do interesse da Nossa Caixa mantê-los”, afirmou Santos. A decisão final, no entanto, será do novo controlador, que desembolsará R$ 7,5 bilhões para expandir seus domínios em São Paulo. “De que forma vamos atuar, se em parceria ou não, ainda não está decidido”, ressaltou Lima Neto. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 4)(Luciano Máximo)
Fonte: Gazeta Mercantil