Balanço de 12 meses do Governo Michel Temer
No primeiro aniversário do governo, 12 colunistas da Folha definem os aspectos em que o presidente tem se saído beme escolhem quais os pontos em que sua gestão até agora decepcionou
onde foi bem
O governo voltou a ter apoio no Congresso. Temer montou uma base sólida antes de tomar posse, quando negociou votos para derrubar a antecessora. Se está usando essa maioria para aprovar boas leis, é outra conversa
A equipe econômica é boa. Deu continuidade ao ajuste que já havia começado com Levye Barbosa, agora com apoio parlamentar.A reforma da Previdência, por exemplo, hoje conta com o apoio dos proponentes da volta do fator previdenciário e das pautas-bomba de 2015.A mudança no BNDES também foi uma correção necessária após vários anos em que o banco se distanciou de sua função. O Itamaraty de Aloysio Nunes marcou um gol bonito como estatuto da imigração, muito criticado pelo pessoal que deveria sair do Facebook e arrumar uma namorada
Temer foi bem em pôr à mesa rapidamente a agenda demandada pelo seu eleitorado no Congresso e pelo mercado, na convicção de que é a maneira de recuperar confiança na economia. Se é ou não a agenda do eleitorado em geral,é outra questão.
O governo Temer identificou corretamente as reformas indispensáveis para restabelecer uma trajetória de equilíbrio fiscal e expansão da produtividade. Isso, contudo, não significa que tenha as condições políticas para realizá-las
Com todos as suas ligações perigosas, gafes e impropriedades, Temer mostrou-se melhor que sua companheira de chapa
Em pesquisa de opinião pública, com um Himalaia de 71% rejeitando sua “reforma”e 61% a ele próprio.
Em nomear uma equipe econômica dos sonhos. Henrique Meirelles, Marcelo Caetano, Mansueto Almeida, Ilan Goldfajn, Maria Silvia Bastos, Pedro Parente. Difícil pensar em um time melhor. A economia está em boas mãos.E o problema mais urgente do Brasil neste momento é justamente o econômico
Em só um ano,o governo conseguiu tirar o país da beira do abismo fiscal para onde Dilma havia nos empurrado. A inflação caiu pela metade, a taxa de juros deve fechar o ano em um dígito, a Bovespa subiu quase 15 mil pontos. Temer ainda aprovou a PEC do Teto e acabou como imposto sindical. Se vencer a reforma da Previdência, será um dos melhores presidentes da história
A suspensão temporária da Venezuela do Mercosul marca o fim da conivência brasileira com os desmandos do chavismo. A criação de um grupo de trabalho para desenvolver uma política de combate ao contrabando, narcotráfico e crime organizado na faixa de fronteira é um ajuste necessário diante da principal ameaça de segurança internacional que o Brasil enfrenta
Apesar de alguns reveses, desde a abertura nunca um presidente teve tamanho controle do Congresso -pena que está usando esse poder para desmontar o sistema de direitos estabelecido na Constituição de 1988
A equação é a sentença matemática formada por duas expressões algébricas relacionadas por um sinal de igualdade. Ela tem uma ou mais incógnitas e valores determinados. Quando Temer assumiu, pensei:”Há incógnitas demais!” Descobri ainda que a equação era inconsistente: a igualdade não existia. Não há valores para as incógnitas. Em termos conceituais,o governo é impossível. E, no entanto,a inflação e os juros caíram, há teto de gastos, investimentos estão voltando, as reformas avançam, o Executivo respeita as instituições. O presidente era, na verdade, a incógnita única. Ele só não pode ser seduzido pelo excesso de conciliação. Rodrigo Janot num terceiro mandato, por exemplo,à frente da PGR seria um erro. O Brasil precisa de mais respeito à institucionalidade, não de menos
Propôs reformas a fim de conter a despesa de um governo quebrado e de fazer com que o país tenha algo mais parecido com uma economia de mercado
onde foi mal
Dilma caiu porque a economia entrou em colapso e a rua se insurgiu contra a corrupção. Um ano depois, o desemprego continua a subir e o governo tem oito ministros na mira da Lava Jato. Isso ajuda a explicar por que o presidente tem míseros 9% de aprovação
O programa social apresentado como complemento a “Ponte para o Futuro”foi inteiramente esquecido, e os ministérios da área social foram loteados entre os aliados. Um dos segredos para preservar a vontade de viver no Brasil atual é não pesquisar quem é o ministro da Saúde. É lamentável que reformas como a trabalhista sejam aprovadas sem negociação, garantias ou compensação para os trabalhadores. A contribuição dos ricos para o ajuste fiscal, desta vez como das outras, será zero
Principalmente em não renunciar após o impeachment, o que permitiria convocar eleições, a meu ver a única maneira de recuperar legitimidade para o governo.
O governo Temer preferiu circundar o principal dilema de política externa, que se chama Venezuela. O Itamaraty acertou no discurso, denunciando a escalada autoritária do regime de Maduro, mas recusou-se a adotar tempestivamente as iniciativas práticas para isolá-lo, na OEA e no Mercosul
A biografia de Temer está pendurada num só item: a realização de eleições livres e diretas em 2018
Em pesquisa de opinião pública, faltando ainda 2%, a despeito do seu esforço, para zerar os que nele votariam
Em basicamente todo o resto. Seu governo está comprometido com a velha política brasileira. Oito ministros sob inquérito na Lava Jato; precisa dizer mais? Laços políticos prejudicam a estabilidade do governo e cobram um preço alto do trabalho econômico, obtendo concessões danosas em reformas absolutamente necessárias e aumentos generalizados para o funcionalismo
A economia do país é tão fechada que faria inveja a Donald Trump. Temer está demorando a abrir o país ao comércio internacional. Também precisa começar logo a privatizar, principalmente os Correios
Fonte: Folha de São Paulo