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Após recuo de 2 anos, distribuição de renda melhora no 2º tri

A recente redução do desemprego e a queda da inflação produziram um efeito favorável na distribuição de renda no país. Após pouco mais de dois anos de piora contínua, a disparidade da renda domiciliar per capita do trabalho no Brasil registrou pequena melhora no segundo trimestre deste ano.

Segundo cálculos da FGV Social, o Índice de Gini da renda domiciliar per capita do trabalho foi de 0,5875 no período de abril a junho, abaixo dos 0,5901 do primeiro trimestre deste ano – o índice varia de zero a um e, quanto mais perto de zero, mais igual a renda entre ricos e pobres.

Essa pequena variação de 0,4%, num indicador que oscila lentamente ao longo do tempo, é o primeiro sinal positivo desde o fim de 2014, quando o mercado de trabalho iniciou uma trajetória de aumento da desigualdade entre os que compõem a força de trabalho (desempregados e empregados).

“Desde o pico histórico em 1989, o índice de desigualdade do país não subia por dois anos consecutivos, como vinha acontecendo. A pequena variação é, portanto, um primeiro sinal de que a desigualdade parou de piorar”, disse Marcelo Neri, diretor da FGV Social e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O levantamento da FGV Social tem como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua. A pesquisa não inclui a renda proveniente de outras fontes, como aposentadoria, pensões e transferências de programas de renda, como o Bolsa Família.

Segundo Neri, o indicador tem grande correlação com o melhor comportamento do emprego. De acordo com dados da Pnad Contínua, a taxa de desemprego recuou de 13,7% no primeiro trimestre para 13% no segundo trimestre deste ano, a primeira queda relevante desde o fim de 2014.

“Os dados da Pnad Contínua mostram uma evolução interessante, como se estivéssemos cruzando o Cabo da Boa Esperança em desigualdade e desemprego. Claro que sempre existe o risco de novos choques, mas alguma coisa já está no azul no mercado de trabalho”, disse o economista.

Para Neri, a queda da inflação foi um aliado para a redução da desigualdade, ao permitir o aumento da renda real. Segundo ele, o pior momento nesse sentido foi no segundo trimestre de 2016, quando a renda recuava 6% em 12 meses para a população de 15 a 60 anos. Esse indicador passou ao campo positivo no segundo trimestre (0,7%).

“A melhora da renda real é um dos fatores por trás do crescimento do varejo nos indicadores conjunturais mais recentes. Talvez esse seja um fator importante para o próximo PIB “, disse Neri.

Fonte: Valor

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