Apesar da inflação, varejo pode crescer 4,9%
Com o avanço da imunização e o aumento da circulação no País, o volume de vendas no varejo cresceu 1,2% em julho, na comparação com o mês anterior, de acordo com divulgação de hoje (10/09) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio acima da expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), viabilizando o melhor mês do setor em 21 anos, o que levou a entidade a revisar a previsão de crescimento para o ano de 4,5% para 4,9%.
O segmento conseguiu se sobrepor a problemas como a alta da inflação, mas a CNC alerta que o comportamento dos preços poderá agir como um limitador nos próximos meses. É um setor que não se abala, mostra força e tem conseguido se desenvolver mesmo em períodos de crise. Mas é importante mantermos atenção e equilíbrio diante dos altos preços, como temos sinalizado, o que impacta o comércio diretamente. A composição da inflação afeta ainda o orçamento das famílias pela concentração das altas nas tarifas, lembra o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Após subir 0,53% em junho, os preços apurados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aceleraram +0,96% no mês seguinte maior taxa para meses de maio em 25 anos.
Em agosto, nova alta (+0,87%) maior avanço para meses de agosto desde 2000. Além disso, os preços administrados acumulam alta de 13,7% nos 12 meses encerrados em agosto, já contaminando o reajuste médio dos preços livres (+8,3%).
Alta dos preços dificulta crescimento
O economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes, destaca que o combate à alta no nível geral de preços por meio da elevação da taxa básica de juros já se faz sentir no custo do crédito ao consumidor final. A taxa média das operações de crédito com recursos livres para as pessoas físicas atingiu 39% ao ano em julho, tendo fechado 2020 a 37% ao ano. Por outro lado, o pagamento do auxílio emergencial e, principalmente, a maior circulação de consumidores deverão viabilizar a continuação da recuperação do setor, afirma.
Confirmada essa previsão, o economista aponta que o setor registraria seu maior avanço anual desde 2012. Dos segmentos acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês de julho, apenas os ramos de livrarias e papelarias (-5,2%), móveis e eletrodomésticos (-1,4%) e combustíveis e lubrificantes (-0,3%) acusaram perdas reais de faturamento no mês.
Sobressaíram positivamente as taxas dos segmentos de artigos de usos pessoal e doméstico (+19,1%) e tecidos, vestuário e calçados (+2,8%).
Circulação de pessoas
Em abril de 2020, pior mês do varejo brasileiro, houve uma redução de 58% na concentração de consumidores em relação ao período pré-pandemia.
A partir de maio do mesmo ano e ao longo do segundo semestre de 2020, as vendas acompanharam a tendência da queda no isolamento social da população, voltando a regredir nos três primeiros meses deste ano. Ao fim de julho de 2021, a circulação de consumidores ainda estava 12,4% abaixo do nível pré-pandemia. O aumento da circulação de pessoas nesse mês foi de quase 10% em relação ao mês anterior.
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