Ao passar, deixe a porta aberta
Passei por uma porta em que havia um bilhete escrito “Ao passar, deixe a porta aberta”.
Além dessa, que portas abertas eu deixei durante a minha vida para que outras mulheres pudessem passar? Quantas de nós compartilhamos as oportunidades que tivemos? Em quantas portas entrou porque outra mulher a abriu para você?
Em um mundo que muitas vezes camufla as desigualdades sob a frase “Somos todos iguais” é imprescindível reconhecer que ainda há muito a ser feito para alcançar a plena igualdade de gênero. Para avançar no direito das mulheres, é essencial ir além da denúncia das disparidades entre homens e mulheres. Precisamos ampliar, incentivar e engajar todas as mulheres na causa. Somente assim poderemos efetivamente promover a igualdade de oportunidades e garantir que as vozes femininas sejam ouvidas e respeitadas em todas as esferas da sociedade.
No dia vinte e seis de agosto comemoramos o Dia Internacional da Igualdade Feminina, data que celebra o marco das mulheres terem conquistado o direito ao voto nos Estados Unidos. As portas que elas abriram em 1920 foram mantidas, para que, em 1932, as brasileiras passassem por essa mesma porta e conquistassem seu direito ao voto.
A música Vilarejo, de Marisa Monte, nos traz a reflexão de que portas e janelas ficam sempre abertas para a sorte entrar. É importante questionarmos: você reconhece a sua sorte e os seus privilégios? E mais do que isso, você compartilha as suas oportunidades para que outras pessoas também possam desfrutar da mesma “sorte”?
Reconhecer os privilégios é o primeiro passo fundamental para promover a igualdade de oportunidades. Compartilhar nossas portas abertas significa agir de maneira inclusiva e solidária, dando espaço e apoio para que outras pessoas possam também ter acesso a oportunidades e caminhos que talvez não estivessem disponíveis para elas.
O termo acesso, segundo o dicionário, refere-se à “possibilidade de chegar a”, ou seja, é o ingresso e a permanência nos lugares em que desejamos estar.
Porém mais que dar acesso, é importante se certificar de que os lugares estão preparados para as nossas diferenças; é necessário considerar a pluralidade feminina nos grupos minoritários.
Reconhecer todas as formas de opressão e exploração que recaem sobre as mulheres é promover uma cultura de equidade, em que todas as vozes sejam ouvidas nas diferentes questões de classe, orientação sexual, geracional, identidade étnico e racial.
A frase de Vernã Myers, “diversidade é chamar para a festa, inclusão é chamar para dançar”, captura de forma concisa e poderosa a diferença entre esses dois conceitos essenciais na luta pela igualdade e justiça social.
A diversidade é sobre a presença de pessoas com origens, culturas, experiências e características diversas em um determinado ambiente. É como convidar uma variedade de pessoas para a festa, em que cada uma traz consigo suas próprias contribuições únicas.
No entanto, a verdadeira inclusão vai além de apenas convidar. É sobre criar um espaço no qual todas essas pessoas se sintam bem-vindas, valorizadas e respeitadas. É como chamar alguém para dançar na festa, garantindo que todos e todas tenham a oportunidade de participar plenamente e contribuir de maneira significativa.
A metáfora da festa e da dança nos lembra que a verdadeira inclusão não se trata apenas de representação superficial, mas de criar um ambiente em que todos e todas se sintam verdadeiramente parte, sejam valorizados e possam expressar sua autenticidade sem medo.
Um dos mais importantes meios de inclusão é o trabalho, mas ainda muitas organizações consideram as necessidades individuais, sem levar em conta as desvantagens que os grupos minoritários enfrentam, e desta forma sem considerar o conceito de equidade.
O avanço das mulheres no mercado de trabalho é um sinal encorajador de que estamos caminhando em direção a uma sociedade mais igualitária e inclusiva. Ao continuar apoiando a igualdade de oportunidades e promovendo um ambiente de trabalho justo e respeitoso, podemos construir um futuro em que as mulheres alcancem todo o seu potencial e contribuam plenamente para o crescimento e desenvolvimento de nossas comunidades e economias.
A nossa luta não é individual. Por isso, não somente deixe a porta aberta, mas convide para entrar e dançar.

Cristara Huguenin
Securitária, Gamer, Administradora e Instagrammer. Não necessariamente nessa ordem!
Gestora de Negócios e Colíder do ERG Mulheres Seguras da Liberty Seguros, com mais de 15 anos de experiência no mercado de seguros.
Formada em Administração, fez MBA em Comunicação e Marketing de Serviços, e Pós-Graduação em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão.
É carioca da clara, entusiasta de tecnologia e apaixonada por novidades.