AMMS é a apoiadora local do Festival Dive In para Diversidade e Inclusão em Seguros
A Associação das Mulheres do Mercado de Seguros (AMMS) é a apoiadora local da edição 2020 do “Festival Dive In para Diversidade e Inclusão em Seguros”, evento global que tem por missão promover ações positivas para a diversidade em ambientes corporativos, a partir da utilização de ferramentas que facilitem o processo de inclusão. Nesta sexta edição, o evento foi dividido em várias etapas, todas virtuais, que estão sendo realizadas em diversos países da América Latina, até 24 de Setembro.
Nesta terça-feira (22/09), a AMMS marcou presença na etapa brasileira, em evento no qual foi discutido o tema “Diversidade e Inclusão: onde estão as mulheres negras?”. A coordenação desse debate coube à conselheira consultiva da associação, jornalista Solange Guimarães..
Além dela, participaram as executivas negras Narely Nicolau de Paula (Austral Seguradora), Eneida Ramos (Marsh) e Viviane Elias Moreira (Amil), além de Beatriz Santos(estagiária na AIG), que narraram os obstáculos que enfrentam ao longo de suas carreiras.
Na abertura, Solange Guimarães fez um breve relato sobre as edições anteriores do evento, iniciado em 2015, destacando que o “Dive in” cresceu rapidamente e já chegou a 32 países, com a participação de mais de 10 mil pessoas. “No painel de hoje, trazemos um leque amplo de perspectivas sob a ótica de mulheres negras, que atuam no mercado de seguros brasileiro”, acentuou.
Em seguida, Narely Nicolau de Paula acentuou que o tema é “incômodo”, mas enfatizou a importância do debate. “Antes de falar em diversidade, é preciso entender a origem da desigualdade, a formação de nosso país. Foram mais de 300 anos de escravidão e o período de pós-escravidão estruturou a sociedade atual, com ações feitas para diminuir direitos das pessoas negras e negação de terras e de postos de trabalho. Traziam imigrantes para ocupar essas postos de trabalho. Havia a ideia de que o negro era menos capaz. Esse contexto que gera desigualdades, fruto de ações que foram tomadas e que vêm reverberando até hoje”, acentuou.
Ela acrescentou que ser negro no Brasil não é apenas uma questão de cor e, sim, como a pessoa é “lida” e ao que está sujeito quando empresa muda o processo de inclusão. “É muito importante que as empresas tenham olhar mais honesto para ver que a sociedade não está refletida nos quadros delas, principalmente nas diretorias e cargos de comando”, destacou.
Por sua vez, a estagiária da AIG, Beatriz Santos enfatizou a relevância de se aplicar, no processo de diversidade, a relevância da equidade e o impacto social que isso traz. “Nesse processo de reparação histórica, mais que a entrada das minorias em faixas elitizadas, é preciso tornar essa entrada cada vez mais comum. Diversidade também é uma troca, para que se possa aprender com a vivência das pessoas”, observou.
Já Eneida Ramos enfatizou que, embora seja uma negra ocupando um cargo de direção em uma grande empresa, representa uma exceção. Até porque a Marsh tem, segundo ela, “a diversidade em seu DNA”. Ela apontou ainda que o respeito à diferença deveria ser valor implícito na cultura brasileira e lamentou que seja preciso falar sobre isso em 2020. “Parece que a gente não evoluiu em aprender a respeitar o outro. Respeitar o outro, a sua identidade, a visão ideológica é a base fundamental para diversidade. A gente precisa evoluir e aprender que todos são diferentes, mas que há espaço para todos. Ninguém é melhor que outro e o Brasil é um país muito diverso”, afirmou.
Por fim. Viviane Moreira alertou que, além dos movimentos nas redes sociais, é preciso mais ação. “Sou ativista há muito tempo da causa racial. Há um racismo estrutural, que é o crime mais perfeito que se inventou no Brasil, pois consegue tirar a pessoa negra do objetivo principal como receptor do racismo. Com isso, diminui a nuance, para que as pessoas negras não falem sobre o que sofrem”, advertiu.
Ela lembrou que, nos últimos dias empresas que tomaram a decisão de incluir pessoas negras em cargos estratégicos, foram criticadas, pois o racismo estrutural está enraizado na cultura. “Muitos não entendem de onde vem o racismo. Afinal, a história é contada pelo colonizador. Assim, o racismo estrutural machuca, fere mas não é escancarado. Algumas pessoas não perceberam quando foram alvo de racismo”, declarou.
CARGOS. De acordo com a Mckinsey , as empresas com altos índices de diversidade racial em seus cargos executivos têm 33% de chances de ser mais rentáveis.
Já o Instituto Identidades Brasil aponta que implementar a diversidade racial na cultura institucional pode fortalecer a própria empresa, aumentando sua efetividade, produtividade e, consequentemente, lucratividade.
Isso acontece porque ao investir na diversidade racial a empresa passa a ouvir pessoas com diferentes perspectivas.
Fonte: NULL