Alerta Climático: setor forma parceria com climatologistas para analisar riscos
Na manhã desta quinta-feira (10), de acordo com o jornal Valor Econômico, 60 pessoas, entre executivos de seguradoras e climatologistas, se reuniram no Centro de Estudos da Amazônia Sustentável, na Universidade de São Paulo.
O encontro marca o início de uma parceria inédita entre especialistas em clima e o setor de seguros, diretamente impactado pelas mudanças climáticas. O objetivo é aprimorar as análises de risco, dada a crescente imprevisibilidade climática que afeta tanto o Brasil quanto o mundo.
Ana Cristina Barros, ecóloga com 30 anos de experiência e diretora de sustentabilidade da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) há três meses, afirmou que o setor de seguros, embora secular, não foi criado para lidar com a mudança climática, mas é fundamental para a resiliência diante de catástrofes. De acordo com o jornal, Barros mencionou a escassez de instrumentos adequados para enfrentar os desafios do clima e ressaltou a importância do seguro como ferramenta disponível em momentos críticos.
Segundo o Valor, Barros teve a iniciativa de buscar o físico Paulo Artaxo, cientista do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) e diretor do Ceas, para propor a colaboração. Artaxo destacou a importância de a universidade atender às demandas da sociedade, especialmente em setores estratégicos como o agro, a energia e o seguro, essenciais para o país. Ele convidou renomados pesquisadores, incluindo José Marengo, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e Tércio Ambrizzi, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, para contribuir com a iniciativa.
Ainda de acordo com o noticiado, o workshop gerou três conclusões principais: a existência de modelos que já preveem algumas ameaças climáticas, a necessidade de adaptar essas previsões às demandas específicas do setor de seguros e a intenção das seguradoras de criar, junto com os cientistas, um modelo de risco mais ajustado. Ana Cristina Barros afirmou que o objetivo é desenvolver ferramentas que calibrem esses modelos, úteis tanto para o planejamento financeiro das empresas quanto para a criação de novos produtos de seguro. O impacto financeiro das mudanças climáticas no setor de seguros é evidente.
As chuvas intensas que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano geraram R$ 6 bilhões em sinistros até setembro, afetando milhares de automóveis, residências e propriedades rurais.
No entanto, esse valor representa menos de 10% dos danos totais estimados em R$ 100 bilhões, o que impõe uma pressão significativa sobre o setor público. O workshop, cujo tema foi O setor de seguros como usuário da ciência climática, buscou respostas sobre a viabilidade de um painel de grau de risco para diferentes eventos climáticos, como secas, enchentes e ondas de calor.
Segundo o jornal, José Marengo, do Cemaden, destacou o interesse em prever riscos para áreas agrícolas e crises hídricas, enquanto Tércio Ambrizzi reforçou a urgência de aprimorar os cálculos de sinistro das seguradoras diante da crescente imprevisibilidade climática.
Em resumo, conforme apurado pelo Valor Econômico, o evento evidenciou a necessidade de colaboração contínua entre ciência e mercado, especialmente em um momento de grandes desafios ambientais e econômicos.
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