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Alemanha prepara agenda “anti-Trump” para o G-20 em 2017

A Alemanha preparou para sua presidência no G-20, no ano que vem, uma agenda que parece visivelmente anti-Trump em áreas como ambiente, comércio e refugiados, segundo o Valor apurou.

Após a presidência da China neste ano, os alemães assumiram o direção do grupo que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes – espécie de diretório econômico do planeta – em meio a incertezas e dificuldades para obter consenso sobre soluções globais para uma série de problemas econômicos e políticos.

A premiê alemã, Angela Merkel, é apontada agora como a líder do mundo ocidental a se contrapor às incertezas trazidas por um imprevisível Donald Trump na Casa Branca a partir de 20 de janeiro.

Nas conversas informais da primeira reunião entre representantes dos países, encerrada ontem em Berlim, a preocupação era visível em função de quem está sendo escolhido por Trump para ocupar cargos-chaves nos EUA nos próximos quatro anos.

No comércio, o próximo representante americano deve vir do setor de aço, muito protecionista e decidido a barrar importações. Na secretaria do Tesouro, a orientação parece ser reverter a regulação financeira, enquanto no G-20 o plano é concluir a reforma financeira. E, na área climática, o ceticismo aumenta com nomeações de pesos-pesados do setor de petróleo.

Enquanto Trump ameaça endurecer com estrangeiros, a Alemanha juntou no G-20 o tema de refugiados e pessoas “deslocadas” e a adaptação ao mercado de trabalho. A ideia é discutir políticas de países que estão recebendo refugiados, dando também uma visão positiva desse fluxo para o emprego, e não o contrário.

Além disso, Berlim juntou os grupos de energia e clima para formar um sólido grupo de sustentabilidade. Isso para aprofundar políticas e a cooperação em energia renovável, financiamento de questões sobre o clima, implementação do Acordo de Paris – nada a ver com as intenções aparentes do presidente eleito dos EUA de desmontar o que tem sido negociado na cena internacional nessa área.

O governo de Merkel quer também avançar em respostas concretas ao sentimento antiglobalização, diante da visão negativa dos processos de abertura comercial alimentada por populistas, e que ajudou a eleger Trump.

Os alemães acham que não dá mais para apenas tentar fazer boa comunicação e repetir que o comércio é bom para a economia global. Contra a demonização da globalização, as maiores economias serão estimuladas a delinear políticas para evitar o aumento no número de perdedores – o que fatalmente ocorre na abertura de mercados. Mas isso não pode vir do aumento de protecionismo.

Assim, enquanto Trump ameaça com sobretaxas contra China e México, a Alemanha – grande exportadora – quer fomentar no G-20 políticas de ajuste para auxiliar empresas e trabalhadores, sem provocar uma espiral de fechamento de fronteiras.

A Alemanha resolveu também organizar uma reunião de ministros de saúde, para preparação contra pandemias e tratar da resistência a antibióticos que, segundo a OMS, já se tornou uma ameaça à saúde pública mundial. Os alemães estão criando um fórum sobre o tema. A crise de ebola, na África, gerou preocupação de que o sistema internacional de saúde não estava preparado. Quando veio a crise de zika no Brasil, a estrutura já estava mais encaminhada, mas o sentimento é que há muito ainda a ser feito, inclusive simulações de crise pelo G-20.

Até agora, a representação dos EUA no G-20 é do governo de Barack Obama. E o sentimento entre importantes negociadores é que a agenda alemã não vai entusiasmar o próximo presidente americano.

Fonte: Valor

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