Agressiva, Lazam já é a 3ª- maior do País
São Paulo, 29 de Abril de 2009 – Depois de sete aquisições nos últimos anos, a Lazam-MDS, corretora de seguros dos grupos Suzano e Sonae, saltou para a terceira posição no ranking brasileiro de corretagem, atrás das multinacionais AON e Marsh. Eduardo Bom Angelo foi escolhido para o cargo de diretor-superintendente e comandar o processo de integração.
Em entrevista à Gazeta Mercantil, Bom Angelo detalha o desafio de liderar essa etapa. Segundo ele, somente no início deste ano, quando coordenou as compras das corretoras ADDmakler e Miral, a Lazam dobrou de tamanho. De 2002 para cá, também foram adquiridas Weichert e Integridade, Providence, RSI e Fontana. O agressivo plano de expansão coloca a Lazam praticamente em todos os ramos do mercado segurador. Além disso, a corretora contabiliza mais de R$ 600 milhões em prêmios administrados para apólices de 500 grandes empresas, 8,5 mil pequenos e médios empreendimentos e 700 mil individuais.
Bom Angelo também destaca que a Lazam já cresceu 10% no primeiro trimestre deste ano, está de olho em novas aquisições, inclusive na América Latina, e tem fôlego para crescer com novos negócios.
Gazeta Mercantil – Após sete aquisições desde 2002, como está a integração das operações?
Com as duas aquisições em 2009 mais que dobramos de tamanho. Hoje somos 440 colaboradores. A operação foi organizada em benefícios, riscos empresariais, varejo, gestão de riscos e resseguros. Em serviços de apoio temos finanças e desenvolvimento organizacional. Estamos investindo fortemente em gestão de processos e reforma da plataforma tecnológica. Implementamos práticas de governança, com comitês de gestão e negócios. E também temos crescido organicamente, com prospecção de novos clientes e realização de operações inéditas.
Gazeta Mercantil – O que o sr. destacaria desses processos de integração?
O fato de lidarmos com várias culturas particulares, incluindo características regionais, como é o caso de Santa Catarina e Rio de Janeiro (com a compra da ADDmakler e Miral, respectivamente). Temos procurado construir uma arquitetura organizacional com traços culturais do que há de melhor em cada operação. O mesmo se aplica às práticas gerenciais. Além disso, procuramos aproveitar profissionais formados ou que se juntaram a Lazam a partir das aquisições, com o objetivo de valorizá-los e facilitar a transmissão de competências. É um projeto muito desafiador e agradável de coordenar.
Gazeta Mercantil – Vocês frearam o ritmo acelerado de aquisições ou ainda há oportunidades no País?
Há muitas operações atraentes em termos de volume, qualidade de negócios e especialidades. O que nos chama a atenção são empresas bem gerenciadas, com corpo técnico de alto nível e que dominem segmentos que possam nos complementar. Neste momento estamos consolidando, criando sinergias, identificando novos talentos, contratando gestores, transformando a organização. É fundamental que esse momento seja muito bem articulado para que possamos dar novos passos no sentido de adquirir mais empresas.
Gazeta Mercantil – A América Latina está nos planos de aquisições?
Temos interesse de expansão para outros países da América Latina e iniciamos conversas, mas isto ainda demandará um certo tempo.
Gazeta Mercantil – O mercado segurador brasileiro e de países como México, Colômbia, Chile e Argentina têm potenciais similares?
O Brasil se distingue pelo tamanho, sofisticação técnica e diversidade de oportunidades. O México, além da influência que recebe dos Estados Unidos, é um exportador de negócios de seguros, pois várias de suas grandes empresas têm negócios em diversos países da América Latina. Colômbia, Chile e Argentina são menores em relação aos outros dois, têm características próprias e oportunidades interessantes.
Gazeta Mercantil – Como o setor de seguros no País enfrentou a crise?
O setor tem enfrentado de forma muito positiva os problemas. Do ponto de vista financeiro, as seguradoras não foram contaminadas, como os bancos. Em termos de volume de negócio não houve perda significativa, ao menos no primeiro trimestre do ano. Como o mercado segurador tem segmentos com dinâmicas próprias, o ramo de transportes, apenas para ilustrar, teve produção reduzida em função da queda das importações e demanda por logística. Automóveis foram temporariamente afetados pela retração de crédito. Nos riscos patrimoniais, se houver redução vai demorar mais para se perceber, pois os ciclos são mais longos. Alguns ramos se desenvolveram, como o de responsabilidade civil para executivos (D&O). Aqui na Lazam-MDS tivemos um aumento significativo nas cotações deste ramo.
Gazeta Mercantil – Como foi o primeiro trimestre da Lazam e quais são as perspectivas para o resto do ano?
A Lazam tornou-se o terceiro player de um mercado de concorrentes muito qualificados, que operam internacionalmente em uma arena de negócios complexa. Crescemos quase 10% no primeiro trimestre, com forte contribuição do negócio de benefícios (saúde). Nossas projeções indicam que cresceremos a taxa superior no final do ano. Por outro lado, ajustamos nossas despesas na busca de maior eficiência e resultados.
Gazeta Mercantil – A corretora está pronta para o mercado aberto de resseguro?
Esse foi um dos motivos que nos levou a adquirir a Miral, além de experiência nos ramos óleo e gás e satélites. A Miral tem quase 30 anos de atuação e o diferencial, desde a origem, é atuar junto ao cliente e oferecer a assessoria necessária para qualquer necessidade, buscando a melhor combinação entre técnica e preço nos mercados local e internacional de resseguros.
Gazeta Mercantil – A Lazam-MDS também atua como broker de resseguro?
Não, nossa competência em resseguros aumenta com a Miral. Foi criada uma empresa específica, a Larim Re exclusivamente para resseguros.
Gazeta Mercantil – A ADDmakler responde pela complicada conta da CSN. A Lazam tem algum tipo de plano para mudar a visão do mercado quanto os negócios envolvendo a CSN?
Operações complexas como esta possuem cláusulas de confidencialidade que nos impedem de comentar.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 2)(Luciano Máximo)
Fonte: Gazeta Mercantil