Agnelli cobra fim de entraves a investimentos em energia
O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, cobrou “bom senso” do governo federal para a viabilização de projetos de geração de energia no país e afirmou estar de mãos atadas para fazer novos investimentos por conta de questões ambientais. Agnelli disse que, em razão da morosidade na liberação de licenças ambientais, não será possível cumprir a meta anteriormente traçada pela Vale, de gerar 50% da energia consumida.
“A questão é de velocidade nas decisões. Não se pode ter 50 interlocutores falando sobre meio ambiente, temos que ter apenas um, e regras claras”, criticou Agnelli, após inaugurar a sexta usina hidrelétrica da companhia, o complexo de Capim Branco, em Minas Gerais, que vai gerar 450 megawatts de energia a partir do próximo ano.
Agnelli deu como exemplo dois projetos, que estão engavetados por falta de licença ambiental e que acrescentariam 2 mil megawatts ao sistema elétrico brasileiro: as usinas hidrelétricas de Estreito e de Santa Isabel, no Tocantins.
Rito sumário para projetos de energia e estradas
CEZAR FACCIOLI
REPÓRTER ESPECIAL
O desabafo do presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, por ter de tratar com 50 interlocutores as licenças ambientais, não cairá no vazio. O mais ilustre desses interlocutores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está convencido da necessidade de agilizar as análises de impacto dos grandes projetos, concentrando-as na esfera federal. Se depender da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o esforço de agilização vai além, com a limitação dos poderes do Ibama e a fixação de um prazo máximo de 90 dias para contestação de projetos e outros 90 para conclusão de estudos de impacto, se e quando for o caso. O desenho da nova estrutura, voltada para a derrubada de entraves a hidrelétricas e estradas, pode custar ao governo Lula uma de suas figuras de maior prestígio internacional, a ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva.
Fonte: Jornal do Commercio