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Aéreas brasileiras antecipam a renovação de suas apólices

As companhias aéreas brasileiras, que tentam antecipar a renovação de seus contratos de dezembro para outubro, deverão encontrar um cenário internacional menos favorável para renovarem o programa de seguro em razão do pior acidente aéreo na Espanha. A explosão com o avião da Spanair, na quarta-feira passada, matando 153 das 172 pessoas a bordo. Especialistas do setor acreditam que este será um dos eventos mais custosos para a indústria de seguros em termos de indenizações para terceiros.
Segundo Gustavo Mello, da Correcta Corretora e professor da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), o MD-82 acidentado faz parte de uma apólice em grupo da SAFIT, um grupo criado com o objetivo de reduzir os custos na compra de seguros, que vence em 1º de dezembro. O grupo é composto pelas linhas aéreas Scandinavian Airlines System (SAS), Austrian Airlines, Finnair, Iceland Air e TAP. Todas combinam 704 aeronaves totalizando US$ 17,4 bilhões de valor em risco.
A perda decorrente do casco da aeronave deverá ficar em torno de US$ 10 milhões a US$ 15 milhões, segundo estimativas da indústria de seguros internacional. A ACE é a principal subscritora no risco. Allianz, Global Aerospace Underwriting Managers Limited (Guam), adquirida recentemente pela Munich Re e a Berkshire Hathaway, American Internationl Group (AIG); Amlin, QBE, Lloyd´s of London entre outras companhias de menor porte fazem parte do grupo que irá indenizar o acidente na Espanha.
Apesar de demorar meses para saber ao certo o custo da perda, especialistas estimam entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões. Tudo dependerá da causa do acidente e do país onde serão julgadas as indenizações. Os EUA costumam determinar indenizações acima da média mundial.
Este cenário poderá afetar as negociações brasileiras, mas não de forma acentuada. “Acredito que haja um momento de estabilidade das taxas, que vinham caindo no decorrer do ano, mas esta tendência não deverá se manter pois a oferta de capacidade supera a demanda e as parcerias de longo prazo continuam com boas negociações”, explica Newton Queiroz, gerente de resseguros da Aon Risk Service, maior corretora de seguros do mundo.
Apesar do discurso das seguradoras nos últimos dois anos de que o ciclo de redução de taxas aéreas, iniciado em 2002, está perto do fim, a concorrência e a oferta de capacidade acima da demanda ainda têm trazido queda de preço. Segundo estudo da corretora Willis, terceira maior corretora de seguros do mundo, de outubro de 2007 a junho deste ano foram renovados 161 contratos, com prêmios de US$ 1,53 bilhão, 5% abaixo dos US$ 1,62 bilhão registrados no mesmo período do ano anterior.
Perdas de US$ 1,8 bilhão
Apesar da baixa no volume de arrecadação de prêmios, os custos com indenização tiveram alta de aproximadamente US$ 400 milhões durante todo o ano de 2007, para US$ 1,8 bilhão, comparado com 2006. No ano passado ocorreram cinco graves acidentes, entre eles o da Tam, em julho, que causou a morte de 199 pessoas.
No Brasil, assim como no mundo, as renovações ocorrem no final do ano. Para se ter uma idéia, no último trimestre de 2007 foram renovados 84 contratos. Nos primeiros sete meses deste ano, 77 globalmente. No entanto, com a abertura do resseguro no Brasil e a demora na decisão das resseguradoras especializadas em aeronáutico começar a operar no País, as empresas aéreas estão tentando antecipar a renovação do seguro para outubro.
Segundo fontes do setor, a opção por antecipar a renovação se deu em razão do fim do período de permissão de repasse dos contratos ao exterior pelo IRB Brasil Re, que detinha o monopólio até abril deste ano. A partir de outubro, os resseguradores locais só poderão retroceder riscos para companhias já instaladas no Brasil. O problema é que as principais especialistas ainda não estão operando no País. Dessa forma, as companhias aéreas preferem antecipar a renovação para que o IRB possa repassar o risco para suas parceiras especializadas e terem seus contratos renovados sem grandes correr o risco do atraso que tal problema legal possa trazer às companhias, proibidas de voarem sem seguro.
Mello ressalta a crise enfrentada pelo setor aéreo mundialmente. “A crise do petróleo não ajuda as empresas aéreas com problemas de gestão. Um relatório da International Air Transport Assotiation (IATA) – efetuado no último congresso na Turquia, em maio deste ano, informa que para cada US$ 1 de elevação no custo do barril (tipo Brent) a indústria aérea global tem um incremento de US$ 1,6 bilhão nos custos”, comenta. Com tantos problemas, estrategicamente as brasileiras preferem evitar burocracia com seguro e antecipar a renovação.

Fonte: Gazeta Mercantil

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