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A Equação Incompleta: Maternidade e Trabalho

A maternidade sempre foi um ponto de virada na vida das mulheres. Mas, na modernidade, ela se tornou também um espelho — refletindo os nossos medos mais profundos, nossas culpas mais silenciosas e as contradições de um mundo que ainda nos cobra uma perfeição que nunca existiu.

Ser mãe e profissional, hoje, é viver uma equação que raramente fecha com exatidão. É tentar estar inteira em dois lugares ao mesmo tempo, mesmo sabendo que, inevitavelmente, em algum momento, vamos nos sentir em dívida com um dos lados — ou com os dois.

O dilema não é novo, mas ganhou contornos mais complexos. As mulheres estão mais escolarizadas, mais ambiciosas, mais conscientes do seu valor e do impacto que podem causar. Ao mesmo tempo, a carga do cuidado com os filhos, com a casa, com os afetos, continua majoritariamente em nossos ombros. A tal da “dupla jornada” se sofisticou: agora é tripla, quádrupla. É jornada emocional, mental, invisível.

E por mais que falemos em dividir tarefas, em redes de apoio e em pais mais presentes (e isso tudo é urgente e necessário), a verdade é que há um nível de responsabilidade que a gente não consegue — e talvez nem queira — delegar. Porque há uma entrega que é visceral. Um tipo de amor que nos atravessa. Mas isso não pode ser usado para justificar a lógica exaustiva que ainda impera.

O que a modernidade nos oferece, de fato, são escolhas. E com elas, vêm as renúncias. A mulher moderna pode optar por pausar a carreira por um tempo. Ou pode optar por continuar no mercado com força total, ajustando as rotas com criatividade, coragem e, muitas vezes, com dor. Nenhuma dessas decisões é fácil. E todas são válidas.

O grande dilema, no fundo, não está em escolher entre filhos e carreira — mas em como seguir fazendo essas escolhas em paz, com autonomia, sem culpa e sem a necessidade constante de justificativas.

É por isso que precisamos falar mais sobre pertencimento. Sobre redes de apoio reais. Sobre ambientes corporativos que acolhem a maternidade não como um obstáculo, mas como um ativo. Porque sim, mulheres que são mães desenvolvem habilidades impressionantes: são mais resilientes, multitarefas, empáticas, ágeis nas decisões e mestres da negociação. Mas elas não deveriam ter que provar isso o tempo todo para serem respeitadas.

O futuro do trabalho precisa passar por essa discussão. Porque ele não será verdadeiramente moderno enquanto seguir penalizando mulheres por serem mães. Enquanto continuar romantizando a sobrecarga. Enquanto exigir que a maternidade seja vivida às escondidas, como se fosse uma fragilidade — quando, na verdade, é uma potência.

Precisamos lembrar que filhos crescem e se inspiram nos exemplos. E que mães que se permitem viver suas escolhas com liberdade ensinam seus filhos e filhas a fazerem o mesmo. Que ao verem suas mães em movimento — mesmo cansadas, às vezes inseguras, mas determinadas — aprendem que é possível sonhar alto sem esquecer de onde vieram.

Filhos e carreira não precisam ser lados opostos de uma corda que nos puxa em direções contrárias. Podem ser, sim, partes de uma mesma história. E quando essa história é escrita com verdade, ela inspira — e transforma o mundo à sua volta.

Você não precisa ser a mulher maravilha, você só precisa estar segura! “Ninguém segura uma mulher segura”

Fabiana Minarro
Conselheira Consultiva / Sócia at Sou Segura / Minarro Seguros

Fabiana Minarro é mãe orgulhosa de quatro meninos incríveis: Juan, Habib, Omar e Gabriel. Há 21 anos, lidera com paixão e visão a Minarro Seguros como CEO. Sua expertise e olhar estratégico também a levaram a integrar o Conselho Consultivo da Sou Segura. Com uma voz autêntica e perspicaz, Fabiana compartilha suas reflexões sobre os desafios e as potências da maternidade no mundo profissional moderno.

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