A consolidação profissional feminina e a importância de um referencial
É inegável que atualmente o empoderamento feminino no mercado de trabalho está cada dia mais em pauta nas companhias, independente do seu ramo de atuação. A busca por especialistas cada vez mais capacitadas para cargos de liderança, representam a força que a luta por equidade de gênero tem ganhado. Ao atingir esse espaço, a mulher tem acesso a novas experiências e é através do convívio que a nova geração, recém-chegada ao mercado de trabalho, é impactada e influenciada a sonhar o quão mais alto querem chegar. Apesar de pouco tempo no mercado, pude experimentar o quanto essa troca tem um impacto positivo para o construir da minha imagem profissional, assim como vi outras colegas de faculdade lidando com as dificuldades que a ausência de um referencial durante a jornada inicial pode trazer.
É deslumbrante ver que um simples posicionamento em direção a vulnerabilidade de demonstrar os erros e acertos da jornada profissional podem causar uma expansão de horizontes através de um bate papo informal. A identificação com a história pessoal transforma-se num apoio ao rompimento de crenças que limitam a capacidade de evolução das habilidades necessárias para o crescimento profissional.
Passamos a maior parte do tempo, moldando a nossa identidade com base nas pessoas com quem convivemos e é assim que vamos criando a nossa marca. No início da minha busca por uma colocação no mercado de trabalho, pude ver um posicionamento muito claro durante as conversas com o RH e gestores: uma procura de pessoas com os mesmos valores da empresa. Pelo menos em teoria, essa semelhança ajuda no convívio entre os colaboradores e faz o trabalho fluir com mais harmonia enquanto os objetivos da companhia são alcançados. Podemos dizer que é essa afinidade entre os empregados que traz para o local de trabalho um ambiente de respeito e admiração.
As razões para se admirar alguém profissionalmente são diversas: facilidade de comunicação, organização, técnicas de trabalho, respeito adquirido no mercado, entre outras. Cada uma dessas pessoas que ganham a nossa admiração, vão fazendo parte da profissional que algum dia nos tornaremos. É como o montar de um quebra cabeça: uma grande imagem formada por pequenas peças.
A abertura que eu encontrei no mercado com as mulheres com quem tive o prazer de trabalhar, foi essencial para a minha evolução. Através das histórias e experiências que ouvi, fui encontrando força e apoio para não desistir do futuro profissional que eu gostaria, mesmo quando as circunstâncias da vida me faziam acreditar que eu não seria capaz de alcançá-lo.
Apesar de já termos atingido bons resultados na luta pelo espaço da mulher no mercado de trabalho, nosso papel como defensoras da equidade, deveria ser mais que focar apenas no nosso desenvolvimento técnico profissional. É reconhecer que em nosso meio ainda temos muitas mulheres começando uma jornada sem um referencial e que sem saber quão longe pode e lutando sozinha contra os obstáculos, que nos são apresentados desde a infância sobre o papel da mulher na sociedade, a busca por um lugar no mercado e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal pode virar um tiro no escuro.
Ao longo dessa caminhada descobrimos que o medo e a fé realmente têm algo em comum: o poder de nos fazer acreditar em algo que ainda não podemos ver. É muito difícil você conseguir dimensionar onde você pode chegar, e mesmo que você seja do tipo sonhadora e tenha isso mais claro, nem sempre a vida colabora e te leva na mesma direção. E por mais que no fundo, a gente tenha a sensação de que com árduo trabalho, dedicação e muita vontade de aprender sejam o suficiente, no dia a dia a gente percebe que precisamos desenvolver outras habilidades que não estavam programadas. Quando encontramos alguém que nos impulsiona a acreditar, que nos mostra possíveis escolhas e até mesmo as dificuldades que poderemos enfrentar no caminho, fica muito mais fácil fazer essa reprogramação mental, idealizando e se direcionando rumo a um futuro sendo a profissional que se deseja ser.
Lembro que na primeira vez que enxerguei onde eu, que sem exemplos em casa de mulheres no mercado corporativo, havia chegado, pude perceber o quanto me impactou positivamente, todas as conversas da maneira mais descontraída possível que tive com a gerente e colegas de trabalho que me acompanham durante esses pequenos primeiros passos da carreira, quando me contaram como chegaram onde estão, o que enfrentaram e quantas vezes me deram apoio e nutriram em mim não só o desejo, mas a garra que eu precisava para continuar.
Ser um profissional de sucesso vai além de um bom currículo é ter também confiança na sua própria capacidade de exercer sua função e por isso encontrar pessoas dispostas a compartilhar experiências, desafios e conselhos é de exímia importância no processo de construção da imagem profissional. Quantas mulheres não encontramos por aí desacreditadas de onde podem chegar? Quantas já chegaram a desistir da graduação por não acreditar em seu próprio potencial? Quantas mulheres já não deixamos de impactar porque estamos tão focadas em nos desenvolver e alcançar altos cargos que não enxergamos o quanto a nossa experiência, por mais que pequena pode mudar a maneira de enxergar de alguém?
Empatia e sororidade não precisam ser apenas palavras bonitas para serem usadas em discursos. São valores para serem vividos no dia a dia e o quanto mais cedo a gente conseguir ver isso, conseguiremos construir um futuro sólido para as gerações que já crescem no nosso meio. O fortalecimento da raiz começa no compartilhar de recursos já adquiridos e com o mesmo objetivo, juntas podemos ver, do cultivo à colheita o reconhecimento de uma grande profissional.