Cinco formas de se proteger da inflação
Cinco formas de se proteger da inflação
Segundo especialistas, opções para quem procura fugir dos efeitos da alta de preços incluem fundos, CDBs e ações.
No momento em que fazer o dinheiro render em aplicações financeiras está difícil com a taxa básica de juros (Selic) em patamar baixo, a alta da inflação nos últimos meses tornou a vida do pequeno investidor ainda mais complicada. Nos produtos financeiros mais populares, o investidor está perdendo poder de compra. Descontados custos como taxa de administração e Imposto de Renda (IR), o retorno real neste ano está negativo em 0,62% nos fundos de renda fixa e em 0,52% nos DI. Na prática, isso significa que o dinheiro investido no fim do ano passado compra agora menos produtos e serviços.
Segundo especialistas, existem ao menos cinco opções no mercado para proteger o dinheiro contra a corrosão da alta de preços. São produtos como fundos de inflação e Certificados de Depósito Bancário atrelados ao IPCA (o chamado CDB IPCA), que rendem o índice de preços oficial do país e mais juro prefixado, o cupom. Existem ainda outras opções, que estão se popularizando aos poucos: as debêntures de infraestrutura e fundos imobiliários. Mesmo as ações de empresas que têm facilidade em repassar o aumento de preços podem ser uma arma, como Ambev, BR Malls e CCR.
Bancos pequenos têm cdbs atraentes
Especialistas lembram que mesmo com os recentes sinais de desaceleração da inflação, o IPCA caminha para uma alta de 5,71% neste ano e de 5,76% em 2014, segundo as expectativas do mercado no boletim Focus, do Banco Central.
Segundo o professor de Finanças do Ibmec-Rio Alexandre Espírito Santo, para superar essa inflação, os CDBs IPCA são uma opção porque rendem uma taxa fixa de juros e mais o índice de preços. Esses títulos não são, contudo, encontrados com facilidade em bancos grandes, mas sim nas pequenas instituições. No banco Sofisa, por exemplo, um CDB com vencimento em dois anos remunera o IPCA mais 3,55% ao ano.
– O investidor precisa se informar sobre o tempo que precisará deixar o dinheiro aplicado e sobre os custos de manutenção de contas nesses bancos pequenos, o que pode atrapalhar o rendimento – afirma Espírito Santo.
Os riscos desses produtos estão relacionados à quebra das instituições financeiras, como ocorreu com o Cruzeiro do Sul e BVA. Recentemente, porém, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) elevou de R$ 70 mil para R$ 250 mil o ressarcimento aos clientes de bancos falidos.
Fundo imobiliário tem aluguel reajustado
Outra forma comum de proteção, os fundos de inflação renderam, em média, 11,88% nos últimos 12 meses, um dos melhores retornos da indústria, segundo a Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Os fundos são oferecidos pelos principais bancos. O mais acessível é o da Caixa Econômica Federal, com investimento mínimo de R$ 50 e taxa de administração de 2% ao ano. O Banco do Brasil oferece um fundo com aplicação inicial mais alta, de R$ 5 mil, mas com taxa de administração mais competitiva, de 1,5% ao ano.
O administrador de investimentos Fábio Colombo lembra que os investidores que optarem por esses fundos devem encará-los como uma forma de diversificar de olho no longo prazo.
– Como tem uma parte prefixada, esses fundos têm momentos em que ficam com retorno negativo. Pode ser um mau negócio no curto prazo – alerta Colombo.
O investidor José Alves Bento é um dos que buscam vencer a inflação. Ele tem fundos de renda fixa. Para se proteger da inflação, prefere as ações. Ele conta que tem papéis de concessionárias de rodovias, cujas tarifas de pedágio são reajustadas anualmente pela alta de preços.
– O fraco desempenho da Bolsa, com a crise, não garante que vou ter lucro. Mas invisto pensando no longo prazo. E como existe uma tolerância maior com a inflação, é uma opção se proteger no longo prazo – diz José Alves.
Nas aplicações menos populares entre pessoas físicas, debêntures de infraestrutura – títulos de dívida do setor privado- começam a chamar atenção. Com a edição da Lei 12.431, de junho de 2011, os papéis ficaram isentos de IR para aplicadores pessoas físicas. E, o melhor, são obrigatoriamente corrigidos pela inflação.
Segundo Bruno Carvalho, da XP Investimentos, as debêntures têm aplicação mínima a partir de R$ 1 mil e prazo de vencimento de quatro anos ou mais. Ele garante que a liquidez da aplicação tem crescido diariamente.
– O título pode ser vendido antes do vencimento no mercado secundário. Claro que não tem a liquidez das ações de Petrobras e Vale, mas a oferta e a procura têm crescido bastante.
Os fundos de investimento imobiliário, por sua vez, costumam ser indicados contra a inflação porque seu patrimônio – lojas, escritórios, residências – têm contrato de aluguel reajustado pelo IGP-M, índice de preços calculado pela Fundação Getulio Vargas. Esses fundos também não têm IR. É preciso ler o regulamento do fundo para conhecer os riscos e verificar se o emissor do fundos garante a recompra das cotas.
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“O fraco desempenho da Bolsa, com a crise, não garante que vou ter lucro. Mas invisto pensando no longo prazo”
José Alves Bento
INVESTIDOR
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O bê-a-bá
FUNDO DE INFLAÇÃO: Aplicam em títulos públicos e privados que remuneram com juros prefixados (acertados no momento da compra) e mais o IPCA, a inflação oficial do país. 0 Imposto de Renda(IR)é regressivo, 22,5% (para seis meses de aplicação) a até 15% (mais de dois anos). O gestor cobra uma taxa de administração anual. São oferecidos pelos principais bancos do varejo.
CDB IPCA: Como os fundos de inflação, remuneram com juros prefixados maiso IPCA. Quanto maior o tempo de aplicação, melhor o juro oferecido. Na maioria dos casos, o investidor não pode sacar o dinheiro antes do vencimento. 01R também começa em 22,5% (seis meses) e termina em 15% (mais de dois anos). São encontrados em bancos de pequeno e médio porte do mercado.
DEBÊNTURES: Os títulos são negociados em mercado de balcão. Os de infraestrutura, que rendem a inflação, têm isenção de IR para pessoas físicas. Os vencimentos dos títulos superam quatro anos. 0 investidor pode vendê-los antes do vencimento, mas pode ter dificuldade para encontrar comprador. São comercializados em bancos e corretoras de valores.
FUNDO IMOBILIÁRIO: Tem o patrimônio aplicado em shoppings, condomínios comerciais e residenciais, cujos contratos são corrigidos pela inflação. 0 investidor compra cotas desses fundos, que têm isenção de IR. 0 risco está na dificuldade de encontrar compradores das cotas e na inadimplência de inquilinos. São oferecidos em alguns bancos de varejo, de investimento e em corretoras de valores.
Fonte: O Globo