Dólar acompanha mercado externo e fecha em alta
O dólar comercial fechou esta quinta-feira em alta, acompanhando o mercado externo, influenciado pela divulgação de indicadores econômicos ruins na Europa e nos Estados Unidos e ainda sob o impacto da sinalização de ontem do Federal Reserve (fed, banco central americano) de que pode antecipar o fim de seu programa de estímulos.
A moeda americana subiu 0,36%, a R$ 1,973, após chegar a bater R$ 1,980, maior cotação intradia em quase duas semanas. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de dólar futuro para março subia 0,58%, a R$ 1,9750, antes do ajuste final.
O real hoje se comportou como uma moeda normal, e seguiu o clima de aversão a risco que se viu lá fora, disse Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. Segundo ele, a valorização do dólar ainda reflete, em parte, o nervosismo do mercado causado pela ata do Fed divulgada ontem, acentuado hoje por declarações de presidentes regionais do BC americano até mais fortes que o que foi dito na ata.
Durante a tarde, em entrevista a jornalistas estrangeiros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não serão mais necessárias medidas cambiais no país, dada a estabilidade do real. A fala serviu para conter o ritmo de alta do dólar, mas não foi suficiente para reverter tendência, uma vez que o mercado já vinha apostando numa pausa nas medidas do governo para o câmbio.
O mercado até recebeu como equilibradas as declarações do Mantega. Mas o que prevaleceu mesmo foi o cenário externo, disse Souza Leal. A variação do real ficou parecida com as do dólar canadense, neozelandês. Não houve um movimento exagerado por aqui.
Com valorização de quase 1% apenas nos últimos dois dias, o mercado fica mais atento à possibilidade de intervenções do BC para limitar a alta do dólar ante o real. Isso, na prática, significaria mais uma virada de mão da autarquia que, nas últimas intervenções, atuou para conter baixas exageradas da moeda americana.
Se a gente for olhar apenas para a taxa, nos níveis de agora não acho que o BC entra. Para mim, o número a se guardar é R$ 2,04, porque foi nesse ponto que o BC fez swap tradicional pela última vez, disse Jayro Rezende, gerente de derivativos de câmbio da CDG Investimentos.
Souza Leal, do ABC, porém, acredita que muito mais que um patamar, o BC busca evitar movimentos exagerados no câmbio, tanto para cima quanto para baixo. Para ele, a banda cambial realmente teria limites, mas que seriam muito mais relativos que absolutos.
Entre R$ 1,95 e R$ 2 o BC se sente confortável, mas se o câmbio passar um pouco de R$ 2 ou cair um pouco abaixo de R$ 1,95, sem exageros, ele deixaria passar para depois avaliar, disse o economista.
No exterior, o Dollar Index, que acompanha o desempenho do dólar ante uma cesta de seis moedas, subia 0,38%, a 81,39 pontos, enquanto o euro, principal componente dessa cesta, caía 0,70%, a US$ 1,318. Ante o dólar canadense, a moeda americana subia 0,20% e, em relação à neozelandesa, avançava 0,19%.
Fonte: Valor