MPEs contratam em maior escala e pagam melhores remunerações, diz pesquisa
As MPEs (Micro e Pequenas Empresas) brasileiras não só estão contratando mais como também têm elevado o salário dos trabalhadores em um ritmo três vezes superior ao das médias e grandes companhias. Para se ter uma ideia, a estimativa é que entre os anos de 2000 e 2010, por exemplo, os micro e pequenos empreendimentos tenham gerado cerca de 6,1 milhões de empregos formais.
As informações fazem parte do Anuário do Trabalho realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e foram divulgadas nesta segunda-feira (5).
De acordo com o estudo, a remuneração dos empregados das MPEs teve um crescimento de 14,3% já descontada a inflação do período. Para se ter uma ideia, no mesmo prazo, os salários nas grandes e médias empresas avançou 4,3%, o que para o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barreto, representa um grande avanço do setor.
Este avanço da remuneração demonstra o fortalecimento dos pequenos negócios e gera um impacto direto na renda da população, especialmente por que tal segmento responde por mais da metade das vagas formais empregando quase 15 milhões de brasileiros, afirma.
Otimismo frente à criseE se o assunto é o salário, vale lembrar que ainda segundo o mesmo levantamento, os micro e pequenos negócios respondem por 40% da massa de salários paga no País e que tendo em vista o cenário atual, o Brasil ainda deve se destacar perante outras economias globais.
O governo fez a escolha correta de estruturar a dinâmica econômica nacional com base no mercado interno. Com isso, nos antecipamos à crise aumentando o número de empresas e empreendimentos por meio de uma estratégia diferenciada, declarou o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lucio.
Para ele, essa mudança foi fundamental para o manter a economia do mercado nacional. Não poderemos sustentar um crescimento de 7% para as MPEs, mas um de 4% certamente será possível, afirmou.
Empregos formaisDe acordo com o Sebrae, na última década, as MPEs geraram 6,1 milhões de novos empregos formais 48% do total de postos de trabalho criados em dez anos.
Já o número de pessoas com carteira de trabalho assinada por tais empresas saltou de 8,6 milhões em 2000 para 14,7 milhões em 2010, o que corresponde a 51,6% do total de postos de trabalho em todo o Brasil.
As MPEs concentraram 52% dos empregos formais na década e ainda melhoraram a renda dos trabalhadores. Mas o perfil dos contratados mudou, o grau de escolaridade subiu, o que demonstra que diferente do passado, as MPEs não absorveram as pessoas menos escolarizadas, diz Barreto.
Por setorO comércio se destacou com o maior número de micro e pequenas empresas – 51,5% do total e também como o que mais gerou postos de trabalho: 41% dos trabalhadores das MPE atuam na área.
Contudo, segundo o próprio Barreto, o crescimento mais expressivo se deu na área de serviços. O comércio mantêm seu patamar, mas setor de serviços passou de 29% para 33% e teve um peso maior junto com o da construção civil, disse.
Por regiãoA pesquisa revela ainda que um em cada dois empreendimentos de pequeno porte encontra-se no Sudeste. São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais são os que reúnem o maior volume de negócios do Brasil: juntos, possuem 3,1 milhões de empresas.
Na região Sul, por exemplo, são 1,4 milhão de negócios (23%). No Nordeste, são 917 mil micro e pequenos empreendimentos, o que equivale a 15% do total. No Centro-Oeste, são 451 mil empresas (7%) e no Norte, 215 mil (3,5%).
Fonte: InfoMoney