Mercado tem dúvida sobre rigor fiscal
A conversão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao rigor fiscal tem inquietado os analistas e agentes do mercado. O mesmo ministro que expandiu o gasto para além das necessidades da crise externa, agora firmou a convicção de que o superávit primário da ordem de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser uma meta para todo o mandato da presidente Dilma Rousseff.
Mantega disse que mudou o mix da política econômica e que a opção agora é cumprir as metas fiscais e criar o espaço para a redução da taxa de juros. Na ponta do lápis é isso que sua pasta está fazendo. Até julho o superávit primário acumulado já era de 81% da meta para o ano todo.
Mas também é fato que isso está sendo feito à custa da queda do investimento, enquanto crescem os gastos com custeio, como sempre ocorre no país. E também é verdade que o saldo fiscal decorre do aumento expressivo das receitas. Os gastos com custeio, como disse a presidente Dilma ao Valor no início deste ano, são como as unhas, o governante deve estar sempre aparando porque eles crescem de forma quase autônoma.
Também em entrevista ao Valor, Mantega disse que para fazer o esforço fiscal prometido não será preciso sacrificar os investimentos nos próximos anos. Vai ser preciso mais do que palavras para que as declarações do ministro sejam incorporadas às expectativas do mercado.
Fonte: Valor