Seis anos depois, área de Controles Internos consolida-se no mercado segurador
Seis anos depois de criada por determinação da Susep, via circular 249 de 2004, a área de Controles Internos nas seguradoras, entidades de capitalização e de previdência privada começa a dar sinais de avanços efetivos, após uma longa travessia para convencer a alta administração dos grupos de sua viabilidade e, sobretudo, relevância para as empresas. Inicialmente vista como mais um penduricalho, agora a área de Controles Interno habilita-se entre os setores estratégicos dos grupos, tendo em vista o escopo de suas tarefas. Entre outras, proteger o patrimônio, verificar exatidão e fidedignidade de seus dados contábeis, promover eficiência operacional, contribuindo, no final das contas, para mitigar o risco da atividade. Também a área de Controles Internos deve avaliar se os objetivos estão sendo estabelecidos;, as leis e os regulamentos aplicáveis, cumpridos; e cobrar a pronta correção de eventuais desvios. “As atividades de controle interno, que poderíamos hoje dividir em gestão estratégica, gestão de riscos, processos e compliance e auditoria interna, deixaram de ser apenas uma exigência legal para se transformarem em pilares da sustentabilidade das seguradoras. O momento de transição atual, que prevê para breve uma aproximação estreita do controle interno com a atividade atuarial, necessária para quantificação dos riscos e do cálculo do capital adicional, nos faz ter certeza da crescente valorização das áreas afins e dos profissionais especialistas”, afirma o presidente da Comissão de Controles Internos da CNSeg, Assizio Aparecido de Oliveira.Parte de sua convicção toma como base a boa presença de executivos da alta administração no 4º Seminário Controles internos, auditoria e gestão de riscos, ocorrido nesta terça-feira, em São Paulo, a começar, por exemplo, do presidente da Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, entre os mais de 200 participantes, e dos investimentos realizados pelo seu grupo, ou do presidente do Conselho de Administração da Allianz Seguros, Paulo Miguel Marraccini. “O encontro cumpriu seu principal propósito, que foi o de trazer os altos executivos para participar dos debates, tendo em vista que agora há uma relação direta do controle interno com a necessidade de capital. Como capital significa investimento, é necessário alertá-los e conscientizá-los de que o modelo de Controles Internos reclama uma evolução, para que tenhamos modelos internos de quantificação de capital, gerando uma economia de investimentos e liberação desses recursos para outras áreas. É verdade que o sistema de Controles internos é relativamente novo mercado, ainda engatinha. Mas, agora é a hora do profissional de Controles Internos, o cara mais privilegiado da informação, mostrar ao alto comando a importância desta área. A gente precisa falar a linguagem dos altos executivos e acionistas, abrindo mão dos aspectos técnicos, a fim de mostrar que podemos desenhar um modelo de quantificação de risco que torna o negócio mais rentável. É um caminho sem volta”, afirma Assizio Aparecido de Oliveira.O mantra em prol de uma boa estrutura de Controles Internos chegou ao grupo Bradesco. Ao falar sobre os profissionais de Controles Internos, o presidente da Bradesco, Marco Antonio Rossi, assinalou que eles atuam “como anjos da guarda e executam um papel fundamental para o crescimento sustentado dos nossos negócios”. E a Bradesco mantém um dos maiores quadros nesse setor. São 80 agentes de compliance, encarregados de avaliar 2,7 mil operações e procedimentos, e 27 auditores internos, um pequeno exército que reclama gastos de R$ 10 milhões.Uma pesquisa, apresentada no encontro pelo diretor da KPMG, Sergio Moreno, mostra que os investimentos em Controles Internos são crescentes de 2004 para cá. A principal notícia dá conta que a maioria das companhias hoje possui área de Controles Internos estruturada. E pelo menos 80% das companhias possuem políticas formalizadas de Controles Internos, Subscrição , Prevenção à Fraude, Segurança da Informação e Código de Ética. Em relação à autoavaliação de aderência à circular 249/04, mais da metade das seguradoras declaram-se 100% aderentes ao dispositivo e outras 20% estão pelo menos 75% em compliance com a norma. Olhando para o passado, o mercado avançou. Em 2004, cerca de 50% das companhias declararam uma taxa de adesão entre 25% e 45% da norma. Há o que fazer, é claro. Mas as seguradoras decidiram arregaçar as mangas e trabalhar pelo fortalecimento de sua área de Controles Internos.
Fonte: CQCS