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Planos de saúde deixam usuários apreensivos

Poucos assuntos preocupam tanto os brasileiros quanto a saúde. O cuidado procede. Os bens e serviços se sofisticaram de tal forma que fazer frente a eles individualmente tornou-se privilégio acessível a pequena minoria da população. São poucas muito poucas as pessoas que podem arcar com internações longas, aluguel de UTI, pagamento de profissionais, medicamentos e exames necessários a check-ups. Sem confiar na assistência do Estado, o cidadão recorre ao seguro assistencial privado.
Nem sempre, porém, tem garantidos os direitos. É o que se vê com a crise que ora ronda empresas do setor. Nada menos que 9,6 milhões de adultos e crianças supostamente protegidos correm o risco de ficar no desamparo. O Anuário de Aspectos Econômico-Financeiros, da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), apresenta dado preocupante 20% do setor está em situação financeira difícil. São 309 administradoras que fecharam o ano no vermelho, com rombo de R$ 11,5 bilhões.
O percentual representa incremento de 85% em relação a 2008. Nesse ano, as contas de 275 planos de saúde estavam negativas porque os gastos superavam a arrecadação. Significa que a degradação avança em vez de regredir. Há o risco de as empresas, de uma hora para outra, fecharem as portas. É, pois, justificada a apreensão dos segurados que estão com a espada de Dâmocles sobre a cabeça.
Não se compreende por que os órgãos encarregados de executar as políticas sanitárias públicas não fazem investigação prévia sobre a viabilidade das empresas que se candidatam a explorar planos de saúde. A omissão responde, agora, pelo estado falimentar das mais de três centenas de operadoras arrastadas à quebra por erros de gestão. Urge, no momento, evitar o pior encontrar alguma medida e, mais que isso, colocá-la em prática imediatamente para que milhões de consumidores não sejam prejudicados.
O governo não pode ignorar que, conforme estabelece a Constituição, a saúde é direito do cidadão e dever do Estado. Eventual falta de cobertura para os usuários desprotegidos se deve, em parte, à má gestão dos negócios e, em parte, à desídia governamental em cumprir o mandamento inscrito na Carta Política. Se o constituinte de 1988 não tivesse universalizado a prestação da assistência à saúde, tarefa bastante pesada para os recursos públicos, evidenciaria aí apenas o desleixo e a ineficiência da iniciativa privada. Não é o caso.
O Estado tornou extensivos à população os serviços de bem-estar físico mediante a criação, no próprio texto constitucional, do Serviço Único de Saúde (SUS). Sem dar conta da incumbência, o país abriu as portas para a iniciativa privada. O cidadão aderiu porque o setor público não responde às suas necessidades. Paga duplamente. Com a crise das seguradoras, corre o risco de sofrer duplo prejuízo.

Fonte: Seguro em Pauta

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