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Seguros: mercado mundial acirra concorrência e volta olhos para o Brasil

Os executivos responsáveis pela contratação dos maiores programas de seguros do mundo estão completamente blindados por seus corretores e seguradores em Boston, Estados Unidos, onde aconteceu a 60ª edição do Risk & Insurance Management Society (RIMS). “Veja só. O cliente dá um passo e o corretor acompanha”, aponta Christopher Wellington, executivo da Aon, uma das maiores corretoras de seguros do mundo, que juntamente com suas concorrentes Marsh, Willis e Arthur Gallagher dominam o setor figuram entre as principais patrocinadoras do evento que reúne cerca de 9 mil gerentes de riscos, palestrantes e expositores.
  A prevenção é compreensível. O risco de perder clientes hoje em dia está entre os mais temidos pelos profissionais do setor. A principal estratégia das companhias de seguros é aumentar a base de clientes para compensar a redução nos valores segurados gerada pela recessão e também da queda do preço do seguro, uma conseqüencia da concorrência e da revisão dos programas de seguros motivada pela prioridade das empresas seguradas em minimizar custos e mitigar riscos.   O preço do seguro está em queda no mundo todo, segundo afirmaram os principais CEOs do mundo reunidos no evento que começou no dia 25 e terminou no dia 29 de abril. “Nem se acontecer uma catástrofe, com US$ 50 bilhões em perdas seguradoras, a tendência de queda de preço deverá se reverter”, exagera Even Greenberg, CEO mundial da ACE, para expressar a abundância de capital que a indústria de seguros construiu nos últimos anos de taxas elevadas e coberturas restritas.   Ambas estratégias foram justificadas pelo argumento de recuperação das perdas de 2005, ano recorde em pagamento de indenizações com catástrofes naturais. Só o furacão Katrina acumula perdas seguradas superiores a US$ 50 bilhões, segundo levantamento da A.M.Best. Nem mesmo a crise foi capaz de tirar a reserva de capital acumulada pela indústria entre 2006 e meados de 2008. Pelo contrário.  
O risco eminente da falência da AIG em setembro de 2008 reforçou as estratégias de elevação de preço e restrição de coberturas. Se a maior seguradora do mundo na época tivesse quebrado, as seguradoras e resseguradoras precisariam de um reforço no caixa para pagar milhões de indenizações e garantias de contratos. E, mesmo assim, muitas ficariam em uma situação tão crítica quanto a AIG.     Para evitar um rombo maior no mercado financeiro, o governo dos EUA optou por socorrer a AIG com US$ 180 bilhões e pouco mais de um ano já anuncia que a empresa está próxima do equilíbrio financeiro após vender boa parte de seus ativos e mudar o nome para Chartis da parte da operação pouco afetada pelas hipotecas de alto risco, ou subprime.  
O socorro do governo americano foi um alívio e tanto para toda a indústria, que acumulou ainda mais reservas ao ficar livre de um tremendo e catastrófico risco financeiro. Esta sequência de fatos capitalizou a indústria de seguros. Mesmo com as perdas já registradas neste ano – terremoto no Haiti, no Chile, com perdas na casa dos US$ 10 bilhões, tempestades na Europa, explosão da plataforma de petróleo no México na semana passada e possíveis perdas com o caos aéreo consequente da fumaça do vulcão na Islândia -, a tendência é de estabilização dos preços em baixa.   “Este cenário de soft market (taxas reduzidas) mudará se a inflação mostrar as suas garras”, diz Edmund Kelly, CEO da Liberty Mutual, uma das maiores seguradoras dos Estados Unidos. “Se a inflação evoluir vai ser ruim para todos. Nada é mais dramático para a indústria de seguros do que a inflação”.  
Diante deste cenário, aumentar o porfolio de clientes e criar soluções e serviços diferenciados para manter o faturamento passa a ser uma prioridade de todos. E é neste contexto que todos pensam no Brasil, um país com potencial destacado entre os estrangeiros por ter ainda uma baixa penetração de seguros no PIB, inferior a 4% quando a média mundial é o dobro. Em 2009, o setor faturou R$ 107 bilhões no Brasil.   No mundo, os dados estão previstos para maio, mas a expectativa é de algo próximo a US$ 4 trilhões, o que mostra reforça o potencial de crescimento do Brasil. “Estar entre as dez maiores economias do mundo e ser o 17º em seguros sinaliza um enorme potencial para o Brasil”, comenta Fernando Pereira, vice-presidente da Aon Brasil.   Além disso, o país é alvo para investimentos de várias empresas, seja para empreendimentos de infraestrutura para suportar o crescimento da economia, seja para preparar o circo dos mundiais esportivos, como a Copa em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016 no Rio de Janeiro.
“O Brasil é o número um na lista de prioridades dos investidores e nós estamos atentos a todos os movimentos para ofertar garantias de que esses investimentos terão o retorno esperado”, diz Jorge González Cale, CEO da Aon para a América Latina. Atenta ao assédio da concorrência, a Aon organizou jantares para reunir seus clientes e prospects durante a semana. “Já somos os maiores na região. Agora precisamos cuidar de nossos clientes com produtos e serviços diferenciados”, diz.  
Os gestores de riscos das maiores empresas do mundo estão exatamente atrás de produtos inovadores e preços acessíveis, principalmente diante de um cenário de incertezas como o de hoje. Segundo pesquisa divulgada pela Zurich durante o evento, os principais riscos temidos pelos gestores de riscos são a incerteza política, a regulamentação excessiva do setor e as mudanças climáticas.   “A indústria de seguros evoluiu muito, mas no Brasil ainda há um longo caminho a percorrer”, diz Andres Holownia, gerente de risco da Scania. Querem também preços mais acessíveis. “Ainda está muito caro fazer seguro”, queixa-se Matias Tavella, gestor de risco da Inbev, resultado da fusão da empresa brasileira Ambev e da belga Interbrew. Jorge Luzzi, responsável pelos seguros da Pirelli, tem uma corretora cativa e só contrata uma corretora de seguros para riscos especiais. “Temos uma equipe bem treinada e experiente. O corretor externo é contratado em seguros específicos, como agora para o plano de previdência complementar”, afirma.  
Com tanta demanda e clientes cada dia mais sofisticados e exigentes, a blindagem dos clientes parece não ser uma prioridade só dos corretores e uma característica do evento RIMS. Sinaliza ser uma tendência para os próximos anos de todos os segmentos da economia globalizada. E promete virar moda também no Brasil.

Fonte: Viver Seguro

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