Normas para plano de saúde
A nova norma da Agência Nacional de Saúde (ANS) para a regulamentação dos planos de saúde incluirá mais de 70 novos procedimentos no rol de cobertura mínima a ser oferecida aos clientes.
Esse tipo de regulamentação é realmente necessária, pois o conhecimento médico, e em consequência, os métodos diagnósticos e terapêuticos, têm crescimento exponencial, e a assistência à saúde das pessoas deve, idealmente, seguir esses avanços.
No entanto, novas tecnologias são caras. O custo de novos exames de diagnósticos e de novos tratamentos são altíssimos, mesmo para países ricos, como os Estados Unidos da América (o que não é nosso caso, apesar de todo o alarde da propaganda ufanista federal).
A absorção desse novo custo tem duas consequência imediatas: a primeira delas é o repasse ao consumidor final, ou seja, o paciente, através do aumento das mensalidades. Mas há outra consequência, nunca discutida na mídia, e, ao que parece, muito menos na ANS: o achatamento dos honorários médicos.
Basta ver o balancete anual dos seguros e planos de saúde: a fatia de distribuição dos gastos aumenta ano a ano no que se refere a exames laboratoriais, métodos de diagnóstico por imagem, medicamentos e internações. Ora, se a pizza é a mesma, para aumentar algumas fatias, outras precisam ser diminuidas. É o que sistematicamente vem acontecendo aos honorários médicos.
Mas defender médico não dá ibope . O governo, Congresso e agências reguladoras estão mais preocupados em botar em prática medidas tecno-burocráticas populistas, obrigando planos de saúde a cobrir o que rende mais votos, do que defender a classe médica, que há 30 anos pode ter sido realmente elitizada, mas que perdeu esse posto há muito tempo (menos na cabeça dos bolchevistas).
Quero deixar claro que não estou defendendo o cerceamento do acesso às novas tecnologias, pelo contrário, sou totalmente a favor.
Mas já se foi o tempo em que a consulta médica e as cirurgias eram o que pesavam no bolso do paciente. Hoje, o que é caro na Medicina é tudo o que não tem a ver com honorário médico, mas sim com laboratórios, imagem, medicamentos e indústrias relacionadas. Há mais de 20 anos que quem ganha com Medicina deixou de ser o médico.
Talvez a saída para isso seja manter os planos de saúde para o que for honeroso, como foi a ideia inicial há muitos anos, quando pagar ao médico era caro, e deixar os honorários como livre negociação entre os médicos e seus pacientes.
Desta forma inclusive, profissionais mais gabaritados, experientes ou melhor formados, seriam mais valorizados, ao invés da uniformização e nivelamento por baixo dos honorários médicos. Hoje um médico recém-formado ou por um professor-doutor superespecializado recebe os mesmos míseros R$ 30 que recebiam há 18 anos!!!.
Paralelamente, jovens médicos precisam dar plantão em serviços públicos para pagar o consultório particular por anos, pois o que eles conseguem receber dos planos de saúde sequer paga o custo com a clínica.
A população, por incrível que pareça, já começa a abrir o olho para isso, antes dos tecnocratas de plantão. Um bom exemplo é a história passada por um colega meu de profissão que explicou a necessidade de uma cirurgia ao paciente, que entendendo o caso, aceitou a cirurgia mas perguntou ao médico: Doutor, desculpe a pergunta, mas quanto o senhor vai ganhar para fazer isso? . 200 reais, sem o desconto do imposto de renda , foi a resposta. O paciente: Desculpe então doutor, não vou operar pelo convênio, vou a um médico que só faz essa cirurgia particular, pois o senhor não pode cuidar bem de mim por 5 dias após uma cirurgia de 3 horas e receber somente isso Alexandre Garcia de Lima é cirurgião torácico, membro titular da SBCT, doutorando pelo InCor-USP
Fonte: Correio Popular