Fundo de previdência prevê 20% mais captações em 2010
Depois de um ano com captações de recursos bem acima da maioria das modalidades de investimento do mercado, os fundos de previdência esperam um avanço de pelo menos 20% em 2010. A estabilidade econômica, a elevação da renda e mais informações sobre planos de previdência aberta, dizem especialistas, são as principais razões do aumento.
Nos últimos 12 meses até dezembro de 2009, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), esses fundos captaram R$ 23,344 bilhões, atrás apenas dos fundos multimercado, com R$ 35,611 bilhões. Em terceiro aparece o segmento de renda fixa, com R$ 9,586 bilhões.
Levantamento feito pela BrasilPrev – companhia de previdência aberta vinculada ao Banco do Brasil – com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) aponta uma curva ascendente no volume de recursos alocados no mercado desde 1994, no início do Plano Real. Naquele ano, o volume de ativos era de R$ 3 bilhões, mas saltou para R$ 17 bilhões no ano 2000 e para R$ 178 bilhões no ano passado. No atual ritmo se crescimento, diz a BrasilPrev, o volume de ativos deve chegar a R$ 1 trilhão em 2022.
Para o diretor-geral da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira, os fundos devem ter em carteira mais de R$ 500 bilhões já nos próximos cinco anos. Segundo ele, a seguradora ligada ao Bradesco contabilizava mais de R$ 70 bilhões em ativos no ano passado, o equivalente a 40% do mercado.
“Nossas receitas no mercado devem crescer mais de 20% neste ano, mas não a participação no mercado. Hoje o mercado está bem mais pulverizado. Há empresas menores que fazem parcerias para oferecer esses produtos”, avalia o executivo.
Apesar da projeção, Lúcio Flávio não prevê uma expansão recorde nos próximos anos, em um ritmo capaz de superar o período subsequente ao ano de 2002, quando foram lançados os fundos VGBL, que permitem aos clientes que fazem a declaração de Imposto de Renda como isentos fazer um plano que valha a pena. “Houve um crescimento anual da ordem de 30, 35%, porque esses clientes viram um produto mais adequado ao seu perfil, mas 2010 terá um crescimento interessante”, estima.
A principal estratégia de crescimento da BrasilPrev – que hoje detém quase 20% do mercado que soma cinco milhões de clientes -, segundo o presidente Tarcísio Godoy, está ligada à educação financeira porque, diz o executivo, é preciso mostrar às pessoas a utilidade dos planos. A companhia inclusive patrocina um prêmio da Escola Superior de Educação Financeira com foco na difusão de seus produtos.
“Queremos nos diferenciar no mercado usando produtos suitable [adequado] e hoje o mais suitable que temos para quem entra no mercado é o Ciclo de Vida. A carteira começa com uma parcela maior em ativos de maior risco e diminui ao longo dos anos, deixando um risco mínimo perto do prazo de resgate”, explica.
Segundo Godoy, o sul e o sudeste devem continuar respondendo por quase 70% do total de ativos nos próximos anos, mas isso deve mudar. A ampliação da base de clientes será no nordeste, que, diz ele, cresce a níveis acima da média nacional. “Faremos um ganho de escala na base de clientes, como toda a indústria. Mas se o país cresce 5%, o nordeste está crescendo a 8%”. A carteira da Bradesco Vida e Previdência também é dominada pelo sul e sudeste, com cerca de 65%.
Lúcio Flávio diz acreditar que o consumidor de hoje está bem informado e mais exigente, mas que a principal característica dos fundos não é informada, principalmente pela mídia, o que pode ser um diferencial nos próximos anos: a possibilidade de mudança de estratégia sem resgate. “É preciso divulgar mais isso. Se você tem uma carteira arrojada, com quase metade dos ativos em renda variável, é possível mudar para um modelo mais conservador, sem burocracia nem resgate.”
INSS
Segundo ele, a falência da Previdência Social no País estimula o aumento do mercado de previdência privada, mas não é decisivo, porque a previdência complementar é uma realidade no mundo todo. “Isso é um fenômeno mundial. Em nenhum lugar a previdência social consegue pagar o salário integral. A função dela é dar o mínimo de condições financeiras para o contribuinte.” Para Lúcio Flávio, a redução da natalidade e o aumento da expectativa de vida provocam um modelo insustentável, com pouco capital humano produtivo.
Fonte: DCI OnLine