Os efeitos da crise no mercado segurador
Apesar dos efeitos da crise financeira mundial, 2009 foi considerado “bom” e 2010 promete expansão e forte aceleração econômica, além de investimentos pesados no mercado de microsseguros. Esse é o cenário constatado pelos os principais líderes do mercado segurador ao fazerem um balanço do setor, nesta quarta-feira, durante almoço de confraternização no Rio de Janeiro. Tanto assim, que o responsável pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergílio dos Santos, disse que “o setor de seguros não foi abalado de forma nenhuma. Pelo nosso modelo regulatório, pelas nossas regras prudenciais de liquidez e de solvência, o setor de seguros passou pela crise com bastante tranqüilidade e robustez e, principalmente, com crescimento vertical”. O setor fechará o ano 2009 com crescimento médio de 12%, englobando seguros gerais, previdência, capitalização e resseguro, e expectativa de crescimento de cerca de R$ 100 bilhões (excluindo o setor de saúde, supervisionado pela Agência Nacional de Saúde – ANS). Mesmo reconhecendo a existência da crise, ressaltou que felizmente o mercado brasileiro sofreu pouco com seus efeitos. “Em 2008, comparado com 2007,o mercado de seguros cresceu 15% no Brasil, apesar da crise. Então, crescer 12% em 2009, comparado com 2008, é fantástico”. Para 2010, ele estima que o crescimento deverá oscilar entre 16% a 20%, levando em consideração a perspectiva de retomada do crescimento econômico no país e o reaquecimento da indústria, do comércio e serviços. O executivo também citou a eficiência do mercado brasileiro, citado no exterior como “exemplar” devido a sua expansão. Em relação ao mercado de resseguros, Vergilio comemorou o fato de estar encerrando o ano com 73 resseguradoras em operação nas diversas modalidades (6 resseguradoras locais, e o restante admitidas e eventuais, além de 32 corretoras de resseguro) e o faturamento estimado em 2009 é de R$ 6 bilhões. Admitiu que o setor de resseguro mundial foi afetado pela crise e isso teve reflexos no Brasil, principalmente na área de precificação, principalmente nas taxas, onde elas têm que estar em consonância com o que é praticado mundialmente. Por essa razão ainda não foi percebida uma redução nas taxas de resseguro praticadas no Brasil em decorrência da abertura do mercado, o que “certamente acontecerá no próximo ano”. Segundo o superintendente da Susep, ao longo de 2010 o trunfo será o microsseguro, o produto específico para os segmentos de baixa renda no Brasil. Vergílio acredita que a popularização deste tipo de seguro se torne um “marco histórico” para os excluídos, aqueles que mais precisam de assistência. Segundo o executivo, a proposta de microsseguro foi colocada na agenda do governo através no Ministério da Fazenda, que agora está em processo de análise. “Será a verdadeira ferramenta de inclusão social”, sentenciou, comentando ainda que sua manutenção garantirá conquistas de cunho econômico-financeiro às classes C e D, um universo de até 100 milhões de pessoas. Se despedindo do cargo de diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde (ANS), cujo mandato termina em abril, Fausto Pereira dos Santos, disse que as previsões pessimistas para 2009 não se concretizaram mas, apesar de não crescer na mesma proporção que em 2008, registrou crescimento significativo. Além de prever um 2010 “bem melhor” que este ano, Fausto acredita ainda que a “curva está em ascensão novamente”.
Fonte: Monitor Mercantil