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Investidor proativo sai à frente na corrida

Embora voltados para investimentos com objetivos distintos, os fundos de renda fixa tradicionais e os de previdência demonstram igualmente os efeitos que a queda da taxa de juros básica (Selic) gerou sobre as aplicações a ela associadas. Desde o início deste ano, o poupador brasileiro não pode contar mais com o conforto de retornos mensais superiores a 1%. As performances das carteiras em 2009 mostram a necessidade de o investidor se tornar mais ativo, caso o desejo seja o de obter retornos sempre crescentes.
De acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Ambima), os fundos DI tradicionais renderam 11,27% nos últimos doze meses encerrados em setembro. Desde abril, o retorno mensal não supera os 0,85%. Já no caso das carteiras DI de previdência, o rendimento acumulado no mesmo período foi de 10,2%, mantendo-se abaixo de 1% desde janeiro. No caso dos fundos de renda fixa, os tradicionais experimentam um retorno de 11,79% e os de previdência tiveram uma alta de 11,94% no valor das suas cotas.
São desempenhos muito parecidos e, por isso, os especialistas alertam para a necessidade de o investidor saber avaliar bem qual é o veículo mais adequado ao seu perfil, para evitar perdas desnecessárias em um cenário de rendimentos já achatados. “Os fundos de previdência costumam ter taxas de administração mais altas e, às vezes, taxas de carregamento, que podem torná-lo um produto mais caro. No entanto, é fundamental ressaltar que essas aplicações miram um horizonte de longo prazo e, por isso, seu custo mais alto se justifica, uma vez que o retorno em um período maior também tende a ser mais expressivo”, afirma o vice-presidente de investimentos da SulAmérica, Marcelo Mello.
De acordo com o executivo, a análise do desempenho de um fundo de previdência em determinado ano não deve servir de parâmetro para tomar uma decisão de investimento nesse tipo de veículo. “Quando o investidor opta por um fundo de previdência, ele deve observar, principalmente, se pode ou não manter aqueles recursos aplicados por um longo tempo, sem resgatá-los, uma vez que esse tipo de aplicação só se torna realmente competitiva em um prazo maior. Os fundos de renda fixa tradicionais servem para dar liquidez, ou seja, garantir a rentabilidade para recursos que podem ser utilizados a qualquer momento”, diz.
A diferença nos objetivos para quem aplica em cada uma dessas categorias se explica, principalmente, pela diferença tributária entre os dois produtos. No caso dos fundos tradicionais, as alíquotas do Imposto de Renda (IR) variam entre 22,5% e 15%, de acordo com o prazo. A incidência do imposto ocorre automaticamente a cada seis meses, por meio do sistema conhecido como “come-cotas”. Já os fundos de previdência oferecem um sistema de tributação mais favorável no longo prazo. Ao adquirir esse tipo de produto, o investidor pode optar pela tributação regressiva, um regime que permite a redução da alíquota de IR a cada dois anos, chegando a 10% no décimo ano, se o investidor mantiver o dinheiro aplicado sem realizar nenhum resgate no período.
“De uma forma geral, em planos de previdência que cobram taxa de carregamento, os retornos só passam a ser efetivamente interessantes a partir do décimo quinto ano. Já naqueles isentos dessa taxa, o investimento fica mais vantajoso que o de um fundo de renda fixa tradicional após o oitavo ano de aplicação”, afirma o consultor Gustavo Cerbasi, para quem os fundos de renda fixa devem servir apenas para rentabilizar o dinheiro que será usado para aproveitar uma melhor oportunidade do mercado. “Com a queda na rentabilidade das carteiras de renda fixa, o papel desse tipo de aplicação será, cada vez mais, o de proteger o capital para que o investidor tenha liquidez à disposição para investir quando as oportunidades aparecerem”, analisa.
Por isso, Cerbasi não indica o investimento em fundos de previdência DI ou que apliquem apenas em títulos de renda fixa. “Os fundos de previdência são veículos de longo prazo e, neste caso, não faz sentido ter todo o dinheiro aplicado em uma carteira de renda fixa. A realidade mostra que vamos passar a conviver com retornos menores nesse tipo de aplicação, por isso é interessante ter sempre um fundo composto com renda variável, que certamente oferecerá uma rentabilidade mais atrativa em um prazo mais longo”, defende.
De acordo com o consultor, a queda nos retornos da renda fixa – previdenciária ou não – é um fato consumado, que dificilmente se reverterá. “A teoria econômica nos diz que investimentos mais arriscados terão sempre um retorno mais interessante. Isso, finalmente, está se confirmando no Brasil e, nessa nova realidade, ganhará mais aquele que tiver a melhor estratégia de investimento. A fase em que o investidor experimentava grandes retornos aplicando apenas em um fundo DI se encerrou e não deve mais voltar”, explica.
A visão de Cerbasi é compartilhada pelo gerente comercial da Icatu-Hartford, Nizael Vaz, para quem o investidor deverá se acostumar cada vez mais com a volatilidade das aplicações em renda variável, para obter maiores retornos. “A redução das taxas de retorno em fundos de renda fixa é um fenômeno que veio para ficar. Tanto fundos de previdência de renda fixa quanto os tradicionais não vão mais oferecer os retornos que víamos no passado. É fundamental diversificar ao máximo”, diz.

Fonte: Valor

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